O jornalista António Catarino faz uma análise do perfil e do currículo do piloto português que morreu este domingo aos 40 anos.
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Paulo Gonçalves era uma das lendas do Dakar e o piloto português que maior número de títulos nacionais conquistou ao longo de uma carreira plurifacetada.
A conquista, em 2013, do título mundial de ralis-raide constituiu um dos momentos altos da carreira de Paulo Gonçalves.
Aos 40 anos, o piloto de Gemeses (Esposende) participava pela 13.ª vez na mítica prova., depois de se ter estreado em 2006, e integrava o restrito grupo de pilotos que correu nos 3 continentes: África, América do Sul e agora na Ásia, no Médio Oriente.
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No currículo tem o 2. º lugar conquistado em 2015; duas vitórias em etapas, tendo terminado por quatro vezes no top 10 e desistido por 5 vezes.
Em 2018, a recuperar de uma queda que provocou lesões num ombro e e num joelho, não participou no Dakar; regressou em 2019, mas também não foi feliz: desistiu na 5.ª etapa.
Este ano, após cinco temporadas ao serviço da Honda, como piloto oficial, Paulo Gonçalves optou por dar novo rumo à carreira e, com o cunhado Joaquim Rodrigues Junior, apostou na Hero.
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Na 1.ª etapa, Paulo Gonçalves, cauteloso, foi 12.º classificado, mas na 3.ª tirada, a moto da marca indiana traiu o esforço do piloto nortenho.
As imagens de um piloto parado no deserto a desmontar o motor da Hero correram mundo e retratavam a determinação, o querer inquebrantável de um motard que não virava a cara à luta, por maiores que fossem as adversidades.
No dia seguinte, após ter perdido seis horas e meia e de a organização ter mesmo adiantado a desistência, entretanto não concretizada , Paulo Gonçalves começou a recuperação desde o 126.º lugar; foi 4.º na etapa imediata e 8.º na tirada que antecedeu o dia de descanso, em Riade.
Chegou ao 46.º lugar, posição que ocupava à partida para a fatídica etapa.
Comunicativo, sorridente, bem-humorado, rápido e combativo, sempre pronto a dar uma ajuda, Paulo Gonçalves era uma das lendas do Dakar.
Assim ficará na história da mítica prova, de que ele tanto gostava.
Uma paixão que pagou com a vida.