Antuérpia antológica, a obra de Evanilson com que o FC Porto assinou uma reviravolta
Veja os golos. Pepe voltou às opções, entrou diretamente no onze inicial e é agora o jogador de campo mais velho de sempre a jogar na Liga dos Campeões, mas a história da noite pertence ao ponta de lança brasileiro.
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Começou o jogo no banco e foi de lá que viu o Antuérpia marcar. Entrou ainda antes do intervalo para render um lateral esquerdo atingido pelo azar e em pouco mais de 45 minutos fez um hat trick na Liga dos Campeões: assim foi a simples noite milionária que um dia estará nas memórias - quiçá em livro - de Evanilson.
O avançado brasileiro assinou três golos - Eustáquio também marcou - na vitória por 4-1 do FC Porto em Antuérpia, frente ao Royal, num jogo em que os dragões foram para o intervalo a perder, mas conseguiram resgatar os três pontos: somam agora seis e estão no segundo lugar, com mais três do que o Shakhtar e a três do Barcelona.
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Em terreno belga, Pepe, que não jogava precisamente desde a última jornada portista para a Champions, em 19 de setembro, frente ao Shakhtar, voltou aos convocados e entrou diretamente no onze inicial. Aliás, assumiu a braçadeira de capitão e foi ele quem, ainda antes do pontapé inicial, trocou galhardetes com outro defesa de peso: Alderweireld, o capitão do Antuérpia que já representou Ajax, Atlético de Madrid ou Tottenham.
Fazia dupla de centrais com Coulibaly, numa defesa a quatro - Bataille e De Laet foram os laterais - que se deparou com um ataque a três "e meio": Taremi, Galeno e Pepê, com André Franco a deambular entre o meio-campo e o ataque.
Só que, mesmo a jogar em casa, uma equipa que à terceira jornada ainda não conseguiu pontuar na Champions não é propriamente uma fonte de espaços, e o FC Porto bem o sentiu. Até aos 20 minutos, exceção feita a uma jogada em que Taremi acabou por enrolar-se com a bola, os dragões pouco ou nada tinham conseguido fazer em termos ofensivos.
E quando conseguiram, exatamente nesse minuto 20, deixaram tudo a tremer: a bola saiu da entrada da grande área para a esquerda, atravessou-a até ao poste contrário e de lá, Taremi rematou colocado, mas contra o corpo de Coulibaly. Ainda houve suspeitas de que o francês pudesse ter feito mão na bola, mas não se confirmou.
Ora, do outro lado bastou uma oportunidade. Aos 36', Janssen trabalhou bem à entrada da grande área e conseguiu rematar à baliza, mas a bola resvalou em David Carmo. Daí, foi parar aos pés de Yussuf e o nigeriano, de primeira, atirou colocado ao poste mais distante da baliza de Diogo Costa para o 1-0.
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Mas o mal do golo sofrido não veio só: ao tentar mudar de direção na grande área portista, Wendell prendeu o pé esquerdo no relvado e agarrou-se de imediato à coxa, pedindo assistência médica. Teve de sair, Evanilson entrou para o seu lugar e André Franco deixou de ser pêndulo lá da frente, acabando a primeira parte como lateral esquerdo.
E foi precisamente Evanilson quem trouxe no pé o golo do empate, mas já na segunda parte. Pressionado por Galeno, Vermeeren perdeu a bola onde nunca o poderia ter feito, Taremi aproveitou e fez um passe lateral para o brasileiro, que atirou colocado e rasteiro para o 1-1 aos 46'. Coulibaly ainda desviou.
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Fez bem - muito bem - ao FC Porto a entrada na segunda parte com um golo. João Mário puxou dos galões e trocou as voltas a De Laet, cruzou rasteiro e atrasado já no interior da grande área e Eustáquio, de primeira, rematou à baliza: a bola voltou a desviar em Coulibaly e avançou para o 2-1.
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A precisar de responder, os belgas tentaram assumir o jogo e por pouco não chegaram mesmo ao empate pouco depois dos 60', quando Alderweireld foi à grande área portista cabecear à trave na sequência de um pontapé de canto. Venceu o duelo direto com Pepe, que esta noite fez história: no 115.º encontro na Liga dos Campeões, tornou-se o jogador de campo mais velho a jogar a competição, com 40 anos, sete meses e 29 dias.
Os belgas pagaram caro o desperdício, e a fatura chegou com estilo. João Mário, encostado à esquerda - Sánchez entrou para a direita - fez um passe teleguiado para Pepê que, no interior da grande área, deu de primeira e sem deixar cair para Evanilson. O brasileiro, também sem deixar a bola ir ao relvado, rematou para o 3-1 num vólei irrepreensível.
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Depressa voltou a reação belga - de não lutarem não podem ser acusados -, primeiro por Wijndal que também ensaiou um vólei e depois por Janssen, que do limite da grande área obrigou Diogo Costa a voar ao fazer a bola rasar o poste direito da baliza portista. Para não correr mais riscos, Conceição lançou Nico, Grujic e Francisco Conceição para os lugares de Varela, Eustáquio e Pepê: mantinha uma forma de sair em contra-ataque, dava músculo ao meio-campo... e via um hat trick.
Taremi voltou a ganhar a bola numa zona onde os belgas não deviam sequer pensar em perdê-la, repetiu um passe de morte para Evanilson e o brasileiro, só com Butez pela frente, sacou de um chapéu para assinar o 4-1. Obra assinada, editada e pronta a publicar.
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Onze do Royal Antwerp: Butez, Bataille, Alderweireld, Coulibaly, De Laet, Yusuf, Muja, Vermeeren, Ekkelenkamp, Balikwisha e Janssen
Onze do FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Pepe, David Carmo, Wendell, Eustáquio, Varela, André Franco, Galeno, Pepê e Taremi
O jogo foi arbitrado pelo francês Benoît Bastien, assistido por Aurélien Berthomieu e Aurélien Drouet. No VAR esteve Benoît Millot e no AVAR Jérôme Brisard.
Suplentes do Royal Antwerp: De Wolf, Lammens, Engels, Wijndal, Kerk, Ilenikhena, Ejuke, Van Den Bosch, Corbanie e Valencia
Suplentes do FC Porto: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Grujic, Francisco Conceição, Sánchez, Nico González, Namaso, Fran Navarro, Romário Baró, Toni Martínez, Evanilson e Gonçalo Borges