Rui Patrício vive dia "mais triste e mais bonito" ao terminar carreira e deixa pedido para o Mundial

Rui Patrício
Rodrigo Antunes/Lusa
Campeão europeu em 2016, Rui Patrício foi homenageado na Cidade do Futebol e falou do futuro
Aos 37 anos, Rui Patrício decidiu meter um ponto final à carreira e arrumar as chuteiras e luvas. O campeão europeu foi homenageado na Cidade do Futebol, em Oeiras, numa cerimónia recheada de emoções e surpresas. Entre familiares e antigos colegas, o guarda-redes português admitiu ser o dia "mais triste e bonito" de uma longa carreira, que teve o ponto mais alto na conquista do Euro 2016 e da Liga das Nações em 2019, com a camisola de Portugal.
"É com enorme emoção e profundo sentimento de gratidão que hoje me dirijo a todos vocês num dos momentos mais marcantes da minha vida. Hoje é certamente um dos dias mais difíceis e, ao mesmo tempo, o mais bonito e importante da minha vida", disse depois de já ter ouvido, emocionado, as mensagens dos familiares, mas também de Eduardo, ex-guarda-redes, e de João Moutinho, jogador do SC Braga.
Com agradecimentos particulares a Aurélio Pereira, pela formação, a Paulo Bento, que o estreou em clubes e seleções, a Frederico Varandas, amigo e presidente do Sporting, e a Fernando Santos, com quem conquistou o Euro, o guarda-redes foi homenageado por Pedro Proença, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, que o considera "património nacional e do futebol português", agradecendo o papel dele no futuro da modalidade.
E é no futuro que o sorridente Rui Patrício se quer agora focar. Aos jornalistas, já depois da cerimónia, Pedro Proença revelou que o agora ex-jogador vai integrar os quadros da Federação Portuguesa de Futebol, mas primeiro a família: "Vou continuar ligado ao futebol, mas agora quero aproveitar o que não tive durante a carreira, que é estar com a família e filhos. Quero desfrutar. Depois de estar aqui vou, por exemplo, para a festa de Natal dos meus filhos, algo que antes não podia fazer", disse.
Rui Patrício é o guarda-redes com mais jogos ao serviço da Seleção Nacional (108) e o responsável de o estrear foi Paulo Bento, primeiro no Sporting, depois na Seleção. O treinador português marcou presença e recordou a escolha que fez: "O que fizemos, de conceder uma oportunidade ao Rui, iria fazê-lo qualquer um. Sem falsas modéstias, acredito que tivemos um bocadinho de mérito em não deixá-lo cair. Porque não foi fácil em Manchester sofrer um golo quando a bola entra no lado dele, por fruto da inexperiência dele, no último minuto, até foi o Ronaldo que marcou, num jogo da Liga dos Campeões. Não foi fácil deixar escorregar a bola pelas mãos num jogo com a U. Leiria em casa e levar com o pessoal atrás na Superior Sul. Não foi fácil largar uma bola em Setúbal quando já estava a pensar lançar o contra-ataque, fruto da inexperiência dele, e termos perdido esse jogo. E aí lembro-me de ter chegado ao autocarro e ter dito à minha equipa técnica: não sei os 10 que vão jogar a seguir, mas sei que o Rui vai continuar a jogar. Esse é o bocadinho de mérito que temos."
Também Fernando Santos quis recordar o papel determinante que Patrício teve no Europeu conquistado em França, em 2016. "Fez um percurso notável e foi fundamental na conquista do Europeu e da Liga das Nações como guarda-redes. Foi mais importante como homem e o que representava dentro do grupo de trabalho com a sua humildade, vontade e espírito de sacrifício. Era um dos líderes da equipa na minha altura", afirmando que é um dos melhores guarda-redes com quem trabalhou.
Sobre o Mundial 2026, Rui Patrício vai ser um dos que fica na bancada a apoiar, mas deixou um pedido aos que vão para dentro de campo: "Aos que vão representar Portugal no próximo Mundial, tenho a certeza de que irão chegar ao objetivo pelo qual lutaram, porque estão em boas mãos, do mister Roberto Martínez, a quem deixo um abraço especial. Sejam Portugal". Mais tarde, confessou aos jornalistas que vai sofrer mais e até viver os jogos de outra forma: "Acredito muito que é possível. Portugal tem grande equipa, grandes jogadores, grande selecionador e uma grande estrutura. Temos tudo para ser campeões. Espero que possamos festejar. É o sonho de todos nós. Agora vou sofrer mais de fora, mas, por outro lado, posso beber umas cervejas também".
