SC São João de Ver avança com ecrã gigante no estádio para fazer interpretação de língua gestual
É mais um passo no âmbito do projeto 'Cada um de nós importa', galardoado pela Federação Portuguesa de Futebol. Dentro de campo, a equipa da Liga 3 procura continuar a fazer história na Taça de Portugal
Corpo do artigo
Uma política de comunicação nas redes sociais através da interpretação de língua gestual portuguesa e uma camisola pensada para cegos. Estas duas iniciativas pioneiras, que vão ter continuidade em breve, serviram de base para a vitória do Sporting Clube São João de Ver no 'Prémio Futebol para Todos'.
Através da nova camisola, o nome e o número do jogador, a referência à Liga 3 - competição onde o emblema de Santa Maria da Feira está inserido - e a marca do equipamento podem ser percecionados pelas pessoas cegas e com baixa visão. À TSF, Ricardo Capitão, responsável pelo projeto 'Cada um de nós importa', explica que é utilizado "o método Constanz, em que se usa simbologia com relevo para identificar as cores do clube" - vermelho, branco e preto -, além do sistema de Braille.
Para os surdos, o SC São João de Ver adaptou a forma de comunicar nas redes sociais. No início da época, o emblema do distrito de Aveiro começou "a interpretar todos os conteúdos falados em língua gestual".
O projeto vai ter continuidade graças ao valor angariado, cerca de 20 mil euros, através do 'Prémio Futebol para Todos', entregue, na última semana, pela Federação Portuguesa de Futebol. A ideia passa agora por adquirir um ecrã gigante LED e instalá-lo no estádio do clube. "Queremos que tudo o que é dito pelo speaker e que os hinos do clube e da Liga 3, por exemplos, sejam interpretados em língua gestual para as pessoas que estão no estádio", adianta Ricardo Capitão.
A realização de workshops de língua gestual portuguesa para os atletas do clube, em primeiro lugar, e, depois, para o público em geral é outra das iniciativas em mente.
O 'Cada um de nós importa' surgiu, conta o diretor de comunicação e marketing do SC João de Ver, por causa das "20 a 30 pessoas da vila que sofrem de deficiência sensorial". O foco das múltiplas iniciativas é "quebrar barreiras" e "tornar o clube mais inclusivo". Como "bónus", o número de sócios tem aumentado e está agora fixado nos 1.100.
Ainda sem a camisola inclusiva, que deve ser estreada na Liga 3, o SC João de Ver procura fazer história também dentro de campo, na Taça de Portugal. A equipa da Liga 3, que nunca esteve nos campeonatos profissionais, joga, pela primeira vez, os quartos de final. A formação orientada por Afonso Cabral defronta o Rio Ave, em Vila do Conde, esta quinta-feira, às 20h45.
