Se os franceses perderem contra os "petits portugais" vai ser um grande drama
É futebol, sim. Mas é muito mais que futebol. Quem o diz é João Heitor, sociólogo português que vive há mais de 40 anos em Paris. Uma vitória significa o triunfo de um povo, mais do que de uma equipa
Corpo do artigo
São 23 a representar vários milhões (mais de 11, seguramente). E a final não será apenas uma final. E a festa não será apenas pelo golo, por aquele momento. O França-Portugal também não será propriamente uma batalha de povos ou culturas, não é isso, diz João Heitor, mas há no "duelo" de domingo algo mais que apenas futebol. Algo mais profundo.
João Heitor é um sociólogo, português, que vive em Paris há mais de 40 anos. Mas é também um homem dos livros e da cultura. Foi dono, durante mais de 20 anos, de uma livraria bem perto da Sourbonne a Livraria Lusófona. Com tantos anos deste país, com tanta vivência, com tantos amigos franceses, diz, sem qualquer reserva que os gauleses ainda falam muito no "petit portugais", o "pequeno português", com uma certa sobranceria. Daí a importância, também, do jogo de futebol deste domingo. Ele entende que a seleção de futebol, "que funciona como fator de união entre os emigrantes", pode render homenagem "aos homens e mulheres que ajudaram a construir este país". Se há alguma coisa que este Euro 2016 já fez, e sobretudo a presença de Portugal na final, pelos portugueses que vivem em França foi alterar, de certa forma, a forma como são encarados: "hoje quando fui ao café onde costumo ir todos os dias, quando me viram entrar, português, senti que me olharam com mais respeito."
E se Portugal ganhar mesmo? "Será um drama para os franceses, um drama psicológico."