A TSF visitou as instalações do Sintrense, clube do Campeonato do Portugal, adversário do FC Porto na terceira eliminatória da Taça de Portugal
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Está uma manhã de chuva em Sintra. A água ressalta com fúria nos telhados de um anexo, que está à vista logo à esquerda quando entramos no Complexo Desportivo do Sintrense. A entrada, para quem conhece o campo, é aquela que fica junto a um dos cafés mais antigos daquela zona e onde vários membros do clube gostam de se reunir. Já dentro do complexo, abrigamo-nos da intensa chuva nesse anexo, que é a rouparia de clube.
"Está aqui a TSF!", é o que diz, entusiasmado, o team manager do Sport União Sintrense, Rui Sousa, assim que entra na rouparia. Por lá, está um mítico do clube, o roupeiro de todas as equipas do Sintrense. "Já dizem que sou mobília do clube", atira Carlos Leite, entre risos. É uma figura querida por lá, não só por ser a mais antiga, mas também pela personalidade, pela alegria e pela dinâmica que contagia todos os atletas e staff técnico que por aquela sala entram todos os dias em que há treino.
A semana no seio deste emblema de Sintra tem sido diferente para quase todos... menos para Carlos Leite. "Semana igualzinha. Não é este jogo da Taça que modifica o meu trabalho", afirma, enquanto atira mais um equipamentos amarelos, sujos de lama, para a máquina de lavar. Os dias têm sido de chuva, por isso, a máquina de lavar está sempre a girar. Para o dia de jogo, o roupeiro prepara um par de equipamentos amarelos para cada um dos jogadores do Sintrense que vai entrar em campo no Estádio José Gomes. "É uma pena não jogarmos em casa, mas este campo não tem realmente condições", sublinha o roupeiro, apontando para a bancada, sem cadeiras, do campo do Sintrense.
É para lá que nos dirigimos agora: campo do Sintrense. OS jogadores acabaram de treinar e, entretanto, parou de chover. Contudo, o relvado, natural diga-se, está enlameado e não aparenta estar nas melhores condições. Seria difícil o jogo realizar-se naquele pequeno estádio, que só tem uma bancada de um lado. O resto, é completamente destapado. Todas as condições de segurança também nunca poderiam ser cumpridas para o jogo da dimensão do que se avizinha.
Os treinos, dizem-nos, têm sido intensos. Tanto que o treinador, Pedro D'Oliveira, um jovem de 28 anos a cumprir a primeira época no clube, apresenta-se com a voz rouca quando fala ao microfone da TSF, explicando o objetivo para este jogo: "Desfrutar do jogo. Esse é o primeiro objetivo. Como? Com a valorização de todos. Como é que isso acontece? Quando nós mostrarmos, dentro das quatro linhas, aquilo que nós somos. Vamos encarar o jogo dessa forma e quando o árbitro apitar, temos de acreditar num sonho que é o de ganhar o jogo."
E é nos sonhos que Diogo Santos, mais conhecido por Didi, médio e subcapitão de equipa, já se imagina a ganhar ao Porto: "Já pensei em certos e determinados momentos do jogo quem são os jogadores que posso apanhar. Mas, são só luzes da minha imaginação. Às vezes até imagino que podemos ganhar e, se calhar, até pode acontecer."
No Sintrense, não custa sonhar e o sonho do guarda-redes Tomás Rainho não é bem o de ganhar o jogo, é mesmo de ser titular. Ele é o único que resta do plantel que há três anos defrontou o FC Porto, também na terceira eliminatória da Taça de Portugal. Na altura, era o terceiro guarda-redes e nem foi para o banco, ficou na bancada. Desta vez, como segundo guarda-redes deste novo e jovem plantel, acredita que pode ser titular, até porque foi ele que jogou na última eliminatória da prova. "Eu estou confiante em mim. Acho que tenho capacidade para estar a jogar, mas isso são outros 300, cabe só aos homens de cima, aos treinadores, decidirem", afirma o jovem guarda-redes.
No último embate, na temporada 2021/22, o emblema de Sintra não foi além de uma derrota por 5-0 diante do FC Porto. Na altura, a partida disputou-se em Monte Abraão, no campo do Real Massamá. Desta vez, o jogo será na Reboleira, no Estádio José Gomes e o Sport União Sintrense quer escrever uma história diferente