Subir à senhora da Graça? "Nem nós sabemos muito bem como conseguimos"
Já imaginou o que é um ciclista subir uma montanha de 20 quilómetros, com uma altitude de 1500 metros, depois de cinco horas sempre a pedalar?
Corpo do artigo
No dia em que os corredores vão subir à Senhora da Graça (com 8,5 quilómetros), em Mondim de Basto, a TSF foi tentar perceber junto dos corredores como gerem o sofrimento.
Para ser sincero nem nós sabemos muito bem, é um puro sofrimento, acho que todos sofremos à nossa maneira o que podemos na subida e tentamos sempre ambicionar fazer o melhor lugar possível. É sofrer e dar o melhor.
Quem o diz é Gonçalo Liança, especialista em subidas — o chamado trepador, em declarações à TSF. Mas o mesmo não se pode dizer de Rafael Reis, que está mais vocacionado para a rapidez.
O especialista em contrarrelógios, entre sorrisos, conta o que vai na cabeça de um ciclista enquanto sobe uma montanha.
Muitas vezes pensamos 'estás a resistir tanto, eu acho que vou largar' e depois, do nada, aquilo abranda um bocado. Se aguentar até ali, na outra parte já é mais fácil, já consigo respirar melhor, já tenho um gasto energético menor porque vou na roda.
Os dois ciclistas, tanto Gonçalo Liança como Rafael Reis, não têm problema em admitir que, muitas vezes, pensam em desistir.
"[Penso em desistir] muitas, muitas vezes. É muito psicológico", diz Rafael Reis.
Já Gonçalo Liança admite ter a mesma sensação, mas lembra que tal seria deitar fora "todo o trabalho" desempenhado ao longa da época. "Só os mais fortes é que têm essa capacidade de estarem focados e nunca desistirem do objetivo", defende.
Por sua vez, Francisco Pereira, que até não é especialista em subidas, não perde o sono na véspera de uma subida.
Não é um trauma que temos, é só algo que no momento custa a passar, mas, por outro lado, na Volta a Portugal, com tanto público na beira das estradas, é uma sensação diferente e é uma motivação diferente.
Além do apoio fundamental das pessoas, o ciclista destaca também a importância da hidratação.
"Isto é como os carros: tem de estar naquela temperatura e, se subir mais do que aquilo, o carro vai avariar. Nós vamos ter os mesmos problemas", garante.
Com as altas temperaturas que se vão registrando a norte de Portugal, há truques para manter o corpo fresco durante uma subida.
"O staff faz as meias de vidro com gelo e nós vamos utilizando as meias na zona das omoplatas. É um dos truques que costumamos utilizar. É hidratar, hidratar e mantermo-nos o mais frescos possível desde que saímos do autocarro", revela.
Este é mesmo daqueles casos em que correr por gosto não cansa.