Rui Pinto garante que nada do que fez foi "por dinheiro" e considera trabalho terminado
Nas declarações iniciais, o pirata informático defendeu que se sentiu na "obrigação" de revelar "graves atividades ilícitas".
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Rui Pinto não se considera um hacker, mas um denunciante. Na primeira sessão do julgamento, o criador da plataforma Football Leaks disse, na declaração inicial, que está no tribunal mas que considera "estranho" estar em posição e arguido e, ao mesmo tempo, ser incluído no programa de proteção de testemunhas.
"Surpreendido" e "indignado" é como diz ter-se sentido, pelo que se viu na "obrigação" de partilhar as informações de que dispunha. Na perspetiva do arguido, torná-las públicas é motivo de orgulho e não de vergonha, já que foram denunciadas "graves atividades ilícitas".
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Rui Pinto também argumentou em tribunal ter sido alvo de uma "perseguição" por parte de pessoas ligadas às forças que comandam essas "atividades", que, assegurou, continuam a ser praticadas.
O arguido também considerou que o seu "trabalho como 'whistleblower' (denunciante) "está terminado" e garantiu que nunca recebeu dinheiro pela divulgação de documentos confidenciais do mundo do futebol e alegados esquemas de evasão fiscal.
"O meu trabalho como 'whistleblower' está terminado. Nunca recebi dinheiro pelo que fiz. Não sou hacker, sou denunciante. Tornei pública muita informação importante, que de outra forma nunca seria conhecida", afirmou.
A declaração inicial do pirata informático aconteceu por sua iniciativa, às 11h15, quase duas horas depois do horário previsto para o começo da sessão em tribunal. A Doyen, uma das entidades queixosas, também fez alegações introdutórias, nas quais apontou que Rui Pinto atacou de forma "cerrada" a Doyen Sports Investments, e que, só depois de ter sido detido, se apresentou às autoridades portuguesas, sem ter colaborado e sem explicar como obteve os acessos indevidos.
A maltesa Doyen também sustenta que a falta de colaboração do agora arguido tem muita relevância e que o pirata informático se refugiou no mediatismo do caso. Um dos argumentos apresentados foi também de que o pirata informático se julgará com mais autoridade do que as autoridades e foi feito um apelo para que o tribunal se foque na conduta de Rui Pinto.
Os advogados da defesa lamentaram estes comentários.
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