Sporting e Porto chegam à final da Taça de Portugal do próximo sábado tendo falhado o seu principal objetivo da temporada, a conquista do título de campeão nacional, pelo que, como tantas vezes tem acontecido ao longo da história, procuram no Jamor um troféu que deixe um sabor um pouco mais doce no final da época.
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Neste nosso segundo dia de Números Redondos dedicados à final da Taça de Portugal 2019, recuperamos uma questão muito antiga no futebol: a vitória na Taça pode servir para "salvar" uma temporada, mormente quando um dos três grandes não consegue alcançar o título de campeão nacional?
Nomeadamente no caso português, esta ideia terá eventualmente origem no facto de, durante muitos anos, a Taça apenas começar a disputar-se após a última jornada da liga. Foi assim até final da década de 1950, ou seja, durante sensivelmente os primeiros 20 anos da história da taça.
É verdade que nos tempos que correm os responsáveis de Benfica, Porto e Sporting recusam a ideia de que ganhar a taça possa compensar o fracasso no campeonato, mas é um facto que mesmo não salvando a época, um triunfo no Jamor deixa pelo menos uma sensação positiva, um saber bem menos amargo na boca de quem vence o último jogo da época.
Ora, no caso da presente final, defrontam-se exatamente os dois grandes que não venceram o campeonato, Porto e Sporting.Ambos já conquistaram um troféu nesta temporada: os portistas a Supertaça e os sportinguistas a Taça da Liga, mas ganhar no sábado no Jamor poderá ser especialmente importante, até em termos do futuro próximo, por exemplo dos seus treinadores.
Na história, os leões já "salvaram" épocas na final da Taça à custa dos dragões em duas ocasiões (1978 e 2008), estes últimos a responderem na mesma moeda (em 1994 e 2000). Ou seja, sempre que os dois clubes se defrontaram na final da prova, o vencedor "salvou" aí a sua temporada.
Numa análise mais abrangente, pode dizer-se que, em 18 das 28 finais da Taça até hoje disputadas pelo Sporting, os leões procuravam compensar a perda do campeonato, conseguindo fazê-lo em 10 ocasiões, com um aproveitamento de 55%. Aconteceu em 1945 (vencendo no Atlético na final), 1946 (frente ao Olhanense), 1963 (V. Guimarães), 1971 (Benfica), 1973 (V. Setúbal), 1978 (Porto), 1995 (Marítimo), 2007 (Belenenses), 2008 (Porto) e 2015 (Braga). Os clubes que impediram a "redenção" leonina em finais de Taça foram o Benfica (1972, 1987 e 1996), Belenenses (1960), Boavista (1979), Porto (1994), Académica (2012) e Aves (2018)
Já o Porto conseguiu "salvar" a temporada com a conquista da Taça de Portugal por nove vezes, num total de 16 tentativas, o que corresponde a um aproveitamento muito semelhante ao do Sporting. Os casos bem-sucedidos registaram-se em 1958 (vitória na final perante o Benfica), 1968 (V. Setúbal), 1977 (Braga), 1984 (Rio Ave), 1991 (Beira-Mar), 1994 (Sporting), 2000 (Sporting), 2001 (Marítimo) e 2010 (Chaves). Menos felizes foram os desfechos das finais com Benfica (em 1953, 1964, 1980, 1981, 1983 e 1984), Leixões (1961) e Braga (2016).
Neste particular, nenhum dos dois finalistas de 2019 se aproxima do Benfica, um verdadeiro especialista a "salvar" temporadas com vitórias na Taça: fê-lo em 14 ocasiões num total de 19 finais em que estava nesta situação, ou seja, em 74% das vezes, a primeira das quais em 1939/40, quando viu o campeonato fugir para o Porto, mas depois venceu a Taça de Portugal, na final perante o Belenenses.