Desde que chegou a Portugal marcou um golo a cada 1,8 jogos na 1ª Divisão. Está com o pé quente e com o motor a mil, com músculo e pedalada. Hoje há clássico: Sporting-FC Porto arranca às 19h15h.
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Sete jornadas, cinco golos. Este texto, que será sobre a média de golos por jogo do avançado, podia começar e acabar aqui. Moussa Marega é uma espécie de patinho feito, aquele que todos os clubes têm, que muitas vezes é útil, que muitas vezes os treinadores gostam, mas que os adeptos torcem sempre, sempre o nariz. Marega soube mudar o fado. A horas do clássico de Alvalade, a TSF escreve sobre dois eventuais heróis improváveis: aqui está o texto do outro lado da barricada, sobre Rodrigo Battaglia, o miúdo que comia milanesas depois dos jogos e que desatou a correr para o campo quando bateram no carro da sua mãe para chegar a tempo ao estádio do Vélez Sarsfield.
Marega, um senhor portador de músculos daqui à China e com 1.86m, chegou a Portugal em 2014/15. O Marítimo teria a sorte de ter um avançado poderoso, com golo. Marcou sete golos na Primeira Liga, em 1102 minutos. A época seguinte, ainda no Funchal, seria menos boa (falamos de golos só): cinco golos em 1166 minutos. Só isto bastou para o seu nome fazer soltar borboletas nas barrigas dos homens que dirigem o dragão azul e branco. E lá foi para o FC Porto, em janeiro de 2016.
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Seria terrível a (meia) época de estreia no Estádio do Dragão. Entrou apenas nove vezes como suplente, contabilizando 121 minutos na Primeira Divisão. Ou seja, nem Rui Barros nem Peseiro foram com a cara dele. Ou com aquele futebol mais trapalhão de quem acabou de chegar ao lago dos grandes. Em declarações ao programa "Bola Branca" da Rádio Renascença, Ivo Vieira, seu antigo treinador no Marítimo, deixara um aviso no momento da transferência, que se revelou muito certeiro.
"É um jogador de espaço, é um jogador rápido, é um jogador potente em termos físicos. Obviamente que a estratégia do Porto, em termos de jogo e de organização, possivelmente, é a de um ataque mais continuado, [pelo menos] no nosso futebol, ao contrário de quando joga a nível internacional, mas Marega é um jogador que precisa de espaço." Foi talvez essa adaptação que lhe custou, algo que acabou por ser muito útil no duelo com o Monaco. Parecia uma besta, um cavalo selvagem, a galgar com um apetite gigante.
Não convenceu ninguém na Invicta, até porque as contratações de janeiro tendem a ser mais difíceis de tragar (e resultar). O maliano seguiu então para o Vitória de Guimarães de Pedro Martins. Atenção: à nona jornada, já levava 10 golos. Até o comparavam aos números de Edison Cavani. Depois viu um cartão vermelho com o Nacional e custou-lhe a regressar àquele ritmo. Acabaria por marcar apenas mais quatro golos. Mas a época acabaria por ser muito interessante.
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Vamos lá puxar da calculadora, então. Marega já jogou 5084 minutos em Portugal, nos quais marcou e festejou 30 golos. O africano marca um golo a cada 169 minutos. Ou seja, a cada 1,8 jogos Marega faz um golo. A média é interessante. E os números esquecem o mais importante: o que faz em campo, como se movimenta, como defende, como ajuda colegas (com e sem bola), como assiste. E ele trabalha muito, pressiona, é chato. E também sabe assistir, como muito bem sabe Aboubakar, que marcou de baliza aberta ao Monaco. Apesar dos elogios todos, falta algo que o afasta dos jogadores de elite: o primeiro toque. Há receções e passes de primeira que resolvem uma pressão forte alheia ou que criam uma boa situação de golo. Ele não tem essa ferramenta que está apenas ao dispor dos jogadores de topo.
Jorge Jesus sabia isto e talvez por isso tenha tirado o esgotado Fábio Coentrão contra o Barcelona, que agora se sabe que está em dúvida para o clássico. O lateral poderá ser Jonathan, um argentino que sabe o que são estes jogos quentinhos. Uma coisa é certa: aquele lado direito terá muito andamento e não é qualquer um que vai parar este Marega.
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