Treinador português na Chéquia alerta para “resiliência” do adversário de Portugal
Em declarações à TSF, Rui Amorim aponta Patrik Schick como a principal referência da seleção checa
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Rui Amorim considera que o ataque e as bolas paradas são os pontos fortes da Chéquia, o primeiro oponente de Portugal no Europeu. A orientar o Znojmo - milita na terceira divisão do país -, o técnico português analisa uma seleção que tem sentido “dificuldades” em acompanhar a evolução de outras seleções.
Em entrevista à TSF, destaca a “resiliência” e o “espírito batalhador” da equipa de Ivan Hasek, que assumiu o cargo em janeiro. Pelo facto de o selecionador ter chegado “há pouco tempo”, preferiu apostar, segundo o técnico, em “dinâmicas entre atletas que já jogam juntos”. “Numa competição curta como o Europeu, pode ser uma vantagem”, refere ainda.
Dos 26 convocados, mais de metade atua no país: nove no Slavia de Praga, quatro no Viktoria Plzen e três no Sparta de Praga. Fora, na Alemanha, três estão no campeão Bayer Leverkusen: Matek Kovár, Adam Hlozek e Patrik Schick. Para o treinador luso, o ponta de lança [Patrik Schick] é o atleta mais categorizado do conjunto checo, o que ajuda, no seu entender, a que o ataque seja o setor mais competente da Chéquia. Além disso, enaltece o foco nas bolas paradas, até porque tem jogadores “bem constituídos fisicamente”.
Em cinco confrontos oficiais, Portugal venceu quatro e perdeu um, o primeiro, nos quartos de final do Europeu de 1996, decidido pelo 'chapéu' do ex-Benfica Karel Poborsky. Os tempos áureos “já lá vão”, algo que se explica pelo facto de ser “um país fechado para jogadores e treinadores estrangeiros”. “Isso não os tem ajudado na evolução do seu futebol e depois reflete-se ao nível da seleção”, vinca.
Tendo em conta esse contexto e num país em que o hóquei no gelo é o desporto-rei, os checos “não depositam grandes esperanças” no futebol. Ainda assim, acredita que os adeptos vão estar “atentos” à prova e, “se vierem algumas vitórias, será uma felicidade grande”.
A estreia de Portugal no Europeu 2024, diante da Chéquia, a contar para o Grupo F, está marcada para esta terça-feira, às 20h00, na Red Bull Arena, em Leipzig, na Alemanha.
Rui Amorim deve continuar no Znojmo
O treinador português abraçou o projeto do Znojmo a meio de outubro de 2023 e levou a equipa do décimo ao quarto lugar da terceira divisão da Chéquia. Ficou com os mesmos pontos do terceiro, Trinek, a um do segundo, Zlínsko, e a 20 do campeão Baník Ostrava B, a única equipa a subir de divisão. Rui Amorim faz “um balanço positivo” da primeira experiência fora de Portugal.
“Hoje as pessoas olham para o Znojmo com uma visão bastante diferente do que quando chegámos. É muito falado pelo facto de termos muitos estrangeiros. É o clube com mais visibilidade, tirando os da primeira liga”, salienta.
Dada “a valorização dos atletas”, o plantel, formado por jogadores de 16 nacionalidades, incluindo nove portugueses, deverá sofrer “alterações significativas” para a próxima época. Já Rui Amorim deve manter-se como treinador. “O futebol é pródigo em surpresas”, assinala, mas “a conversa vai nesse sentido”.
Em Portugal, o técnico de 47 anos treinou sempre nas divisões secundárias, sendo que o ponto mais alto foi a experiência na segunda liga ao serviço do Santa Clara, em 2016/2017. “Mais preparado” e “sem qualquer dúvida” sobre a sua competência, não descarta o regresso ao país. “Vou trabalhar onde me sinto desejado e feliz. Sinto-me muito bem aqui, onde o trabalho é reconhecido (…) Gostava de estar em Portugal, perto dos meus, mas o destino assim o traçou e o que quero é fazer aquilo que gosto”, confessa.
