O Tribunal Arbitral do Desporto deu provimento ao recurso apresentado por Queiroz. À TSF, o ex-seleccionador disse esperar que Laurentino Dias demita Luís Horta e os médicos envolvidos.
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A Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) tinha suspendido Carlos Queiroz por seis meses, alegando que o ex-seleccionador perturbara uma acção de controlo antidoping durante o estágio que a selecção realizou antes do Mundial2010.
O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) considerou que o ex-seleccionador português de futebol não teve intenção de perturbar uma acção de controlo antidoping.
«Mesmo acreditando que a conduta do recorrente possa ter perturbado a colheita de amostras, ambas as partes concordaram que o recorrente teria de ter tido a intenção ou ter sido negligente em relação às consequências do seu comportamento. O painel considera que o comportamento de Queiroz não teve a intenção de perturbar o controlo de dopagem», lê-se no acórdão do TAS a que a agência Lusa teve acesso.
O TAS considera ainda que «nenhuma prova foi encontrada nesse sentido», e que «ao invés, há prova de que o recorrente fez as suas declarações grosseiras como resultado de frustração e fúria, eventualmente até orgulho, mas não como uma agressão directa contra a brigada antidopagem».
«Para concluir, o painel considera que o comportamento do recorrente não teve efeito evidente nos procedimentos do controlo antidoping e por isso não é um comportamento susceptível de sanções ao abrigo da lei 27/2009, mesmo assumindo que esta lei é aplicável, nem de sanções ao abrigo de anteriores leis antidoping portuguesas», acrescenta o documento.
Entretanto, em declarações à TSF, Carlos Queiroz afirmou que «a decisão não podia ser outra».
«Mas de qualquer maneira ao ser feita justiça estou muito feliz», confessou, lembrando que apresentou o recurso «por uma questão de honra», pelos amigos, familiares e por «todos aqueles que nunca duvidaram e estiveram sempre» ao seu lado.
Queiroz disse ainda esperar que agora, que «as coisas estão a mudar em termos políticos», o seu «amigo» Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), denuncie «muitas coisas que se passaram» e contra as quais «ele estava contra».
O técnico pediu ainda a Madaíl que lhe dê uma «sugestão» sobre qual deve ser o seu próximo passo.
«Espero que as pessoas envolvidas neste processo sejam responsabilizadas e que possam ser punidas» pelas acções que fizeram, defendeu, dando o exemplo de depoimentos que não batiam certo e da datas falsificadas.
Quando questionado sobre a quem se dirigia quando defendeu «reflexão» e tomada de decisões, Queiroz respondeu que se referia à AdoP e a Laurentino Dias, secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
«Espero que Laurentino Dias tenha a coragem, se ainda tiver tempo, de demitir Luís Horta [presidente da ADoP] e todos os médicos que construíram» esta situação, «mas não o vai fazer», porque eles fizeram isto «para servir de bandeja para outros desejos», rematou.
Luís Horta está fora do país e não reage a esta decisão do TAS, bem como Laurentino Dias, que está numa viagem oficial à África do Sul e Moçambique. Uma fonte da Secretaria de Estado garante que não vai haver reacção até serem conhecidos os fundamentos da decisão. A FPF fez saber que também não comenta a decisão.