Há perguntas ainda sem resposta, mas também hipóteses que se colocam sobre o domingo em que a estrela de NBA morreu, ao lado da filha de 13 anos e amigos de longa data.
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Kobe Bryant seguia num helicóptero privado, do modelo Sikorsky S-76, conhecido pela segurança e pela habitual clientela de perfil público, quando a aeronave caiu por volta das 09h45 locais em Calabasas, Los Angeles. Todas as nove pessoas que se encontravam no aparelho morreram, entre as quais Gianna, que a imprensa norte-americana nomeia como Gigi, a sua alcunha.
Na companhia do basquetebolista estavam também elementos da equipa e o treinador de basebol John Altobelli.
A National Transportation Safety Board (NTSB) e a Administração Federal de Aviação estão a investigar as causas que originaram a queda do helicóptero. Parte da equipa de investigação da NTSB chegou ao local no domingo à noite para começar a examinar as pistas.
"Devastador." Foi assim que Jennifer Homendy, da NTSB, descreveu o cenário que encontrou, e em que depressa se esvaiu a possibilidade de sobrevivência. Apesar de muitos detalhes serem ainda desconhecidos, há pelo menos uma certeza: o acidente ocorreu perante um nevoeiro cerrado e em condições atmosféricas adversas, conta o Business Insider .
Gianna Bryant, de 13 anos, Alyssa Altobelli, colega da equipa de basquetebol de Gigi, o pai e a mãe de Alyssa, John Altobelli e Keri Altobelli, a treinadora de basquetebol da filha de Kobe Bryant, Christina Mauser, o piloto Ara Zobayan, Payton Chester, uma estudante adolescente, e a sua mãe morreram juntamente com o jogador da NBA. Os tripulantes viajavam para para uma academia de basquetebol em Thousand Oaks, na Califórnia, onde John Altobelli treinava vários jovens há já 27 anos.
O grupo partiu às 09h06 locais, um domingo de manhã. Asa Zobayan, o mesmo piloto que tinha transportado Kobe Bryant até à final dos Lakers em 2016, quando o campeão do basquetebol se tornou o jogador mais velho a anotar pelo menos 50 pontos num jogo da NBA, estava ao comando. Mas desta vez a viagem não teria o mesmo final feliz.
Ouvido pelo Wall Street Journal , Kurt Deetz, outro piloto responsável por vários voos ao serviço de Kobe Bryant, deixou elogios ao colega de profissão, e retratou Zobayan como um "piloto experiente e um grande conhecedor do perímetro" onde a aeronave operava. Além de piloto, Zobayan era ainda instrutor de voo.
Somente um piloto experiente estaria no ar em condições adversas como as que se verificavam naquele domingo, relata Kurt Deetz. A área de Los Angeles estava imersa em nevoeiro denso àquela altura. A situação era tão desfavorável que os helicópteros da LAPD tinham sido suspensos naquela manhã. Aliás, há registos de que os serviços nacionais de meteorologia deixaram avisos sobre camadas de "nevoeiro e nuvens baixas" naquela manhã.
A equipa de investigação da NTSB está a averiguar se o estado do tempo teve um papel de protagonismo na cena trágica que deu a morte a Kobe Bryant e a oito outras pessoas. Houve até um pedido por parte da National Transportation Safety Board para que o público enviasse todas as fotografias que pudesse daquela manhã a fim de verificar as condições em que o helicóptero levantou voo.
Sabe-se, de facto, que a aeronave privada tinha recebido uma permissão especial para avançar, mesmo diante da neblina. Dez minutos antes, o controlo do tráfego aéreo deu instruções ao helicóptero para que esperasse, já que outro aparelho estaria a aterrar nas redondezas. O piloto disse então que passaria por Glendale e aguardaria instruções, uma decisão "invulgar" porque o helicóptero normalmente não se aventurava tão a norte quanto Glendale nos voos anteriores entre Orange County e Newbury Park.
O aparelho sobrevoou por 12 minutos enquanto esperava novas ordens e também a claridade de que necessitava para prosseguir por entre o nevoeiro. Mas, por volta das 09h40, já em Granada Hills, em Los Angeles, a aeronave mudou de direção e avançou para a paisagem montanhosa de Thousand Oaks.
Perderam cem metros de altitude em seis segundos, a uma velocidade de 200 km/h. A visibilidade era reduzida, conforme aponta o Los Angeles Times , e o último radar perdeu o rasto ao helicóptero às 09h45. As condições da aeronave no momento do acidente não são ainda claras. Estilhaços do helicóptero espalharam-se pela encosta perto do ponto de impacto.
O piloto tentava subir para evitar uma camada de nuvens pouco antes de o helicóptero embater contra o solo, relata a NTSB. O impacto provocou um incêndio no raio de um quarto de hectare, devido aos mais de 360 quilos de combustível que o helicóptero transportava, o suficiente para iniciar "uma forte ignição", de acordo com o piloto Kurt Deetz. As estradas foram cortadas para que as pessoas que tentavam chegar ao local não acedessem à área. Há ainda um departamento de segurança a proteger o perímetro onde os destroços se espalharam.
Os corpos de três das vítimas foram recuperados esta segunda-feira, entre os quais constava o do jogador norte-americano, segundo a CNN . Quanto aos componentes do helicóptero, não há registos da existência de caixas negras, e tal não era obrigatório, conforme explica a NTSB. Foi apenas recuperado um iPad, e os investigadores procuram agora outro tipo de dispositivos.
Há ainda questões que se levantam quanto à queda da aeronave: Afinal, a que se deveu o desvio dos últimos minutos? O aparelho seguia a uma velocidade excessiva? Algo se passou com o helicóptero durante o voo?
O antigo piloto de Kobe Bryant, Deetz, afasta a possibilidade de falhas técnicas, mas a investigação continua em curso.
Kobe Bryant morreu no domingo, aos 41 anos.