A judoca Telma Monteiro esteve esta quarta-feira a dar lições de defesa na Web Summit. À TSF, revelou em que ponto está na caminhada rumo a Tóquio 2020, quais os objetivos e disse "Eu estou aqui!".
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Telma Monteiro, uma das melhores judocas do mundo, esteve esta quarta-feira na Web Summit para falar sobre defesa. A medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no último verão, é embaixadora de uma empresa portuguesa de segurança digital, a Multicert. Neste workshop até havia um tatami e alguns participantes e jornalistas estiveram à mercê da portuguesa ("Sobreviveram, viram?", diria). À conversa com a TSF, Telma Monteiro explicou alguns conceitos do judo, os objetivos até Tóquio 2020 e ainda lembrou a famosa frase "Eu estou aqui", que berrou depois de vencer a francesa Automne Pavia na repescagem nos JO 2016.
Que tal este workshop em que se mistura defesa no judo com cibersegurança?
Estou aqui como embaixadora da Multicert, uma companhia de segurança digital. As artes marciais estão associadas à segurança e defesa. O objetivo era fazer um workshop com interação diferente, para as pessoas estarem alertadas para os desafios cibernéticos.
No judo é mais importante defender do que atacar?
Não. Eu diria que é importante haver um equilíbrio entre as duas coisas, porque o objetivo é sempre derrubar o adversário, mas também temos de saber proteger-nos.
Aquele saber cair que ensinou a alguns participantes é algo que tem duplo significado, que terá a ver com a humildade no judo, ou serve puramente como proteção?
Acaba por ser as duas coisas. Fisicamente temos de saber cair para não nos magoarmos, para podermos repetir as técnicas várias vezes, sem que haja perigo de magoar. É a primeira regra, a primeira coisa que aprendemos: saber cair. Isso acaba por ser algo que transferimos para a vida. Durante a nossa vida vamos ter várias situações em que não vamos ser bem-sucedidos e podemos ter essa metáfora de saber cair e saber levantar, para continuarmos a tentar progredir e melhorar.
Aquele "Eu estou aqui" continua a pairar no pensamento?
(Risos) Sim, eu estou aqui. Este ano foi diferente, vim de lesão. Tive quase um ano sem competir. Regressei antes do Campeonato do Mundo. Falta-me uma ou duas competições, tenho o Grand Slam de Tóquio, onde o grande objetivo é entrar nas 16 melhores do mundo para ir ao Masters. Não estava no planeamento, mas acaba por ser a última oportunidade, é mais um desafio. Mas sobretudo estas duas últimas competições do ano servem para preparar 2018, aquele em que começa o apuramento olímpico e claro que quero que essa frase, que acabou por sair e que não foi pensada, ainda permaneça nos próximos anos, com muitas conquistas.
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Aquele 8 de agosto, em que ganhou o bronze no Rio de Janeiro, mudou a Telma?
Sinceramente, não acho que mudou. Posso dizer que sou uma pessoa um pouco mais realizada nesse sentido, porque a medalha era algo que eu queria bastante, há bastante tempo. Exigiu toda aquela preparação, que teve a ver com lesão e superar todos esses obstáculos. Foram 12 anos a tentar alcançar uma medalha e conseguir, e isso deixa-me bastante satisfeita, mas sinto que ainda tenho muito para conquistar. Tenho outros objetivos. Só mudou nesse aspeto: sou mais feliz, não há nenhuma medalha que me falte. Sinto que tenho muito para conquistar, mas sou a mesma pessoa.
E uma nova tatuagem em 2020?
(Risos) Antes disso, queria uma nova. Mas sim, era bom ter uma motivação forte para em 2020 ter mais uma tatuagem. Só o facto de conseguir ir aos Jogos Olímpicos já será um feito histórico a nível mundial, porque penso que serei a primeira judoca a estar presente em cinco JO. Se tudo correr bem no apuramento, quero estar em condições de chegar daqui a três anos e poder dizer que estou novamente com o objetivo de ganhar uma medalha. Para isso o trabalho terá de ser diário, para isso as coisas às vezes não vão correr bem, mas vou ter sempre de persistir e tentar melhorar.
O que seria importante conquistar até aos Jogos?
Eu gostava de ser campeã do mundo. Obviamente que é sempre contra as estatísticas dizer isto depois dos 30 anos, mas acho que tudo o que tenho feito tem sido contra as estatísticas. Gostava também de voltar a ser número 1 do ranking mundial, gostava de voltar a ser campeã da Europa e, depois em 2020, ser medalhada olímpica. São estes os principais objetivos. Se pensarmos assim parece pouco, mas são bastantes exigentes e estou a trabalhar para isso.
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