Uma "personagem erudita" e "inesquecível" que "prestigiou o futebol". As reações à morte de Artur Jorge
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O Presidente da República lamentou esta morte do antigo futebolista e treinador Artur Jorge e destacou, entre os títulos da sua carreira, a conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1986/1987 quando treinou o FC Porto.
Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa "lamenta a morte do treinador de futebol Artur Jorge, apresentando à sua família as mais sentidas condolências".
Segundo o chefe de Estado, "Artur Jorge será sempre lembrado pelo seu percurso como treinador de futebol, nomeadamente, e entre os vários títulos alcançados, pela conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1987".
No Twitter, o FC Porto recordou Artur Jorge como um treinador "tão inesquecível" como a noite de Viena de 27 de maio de 1987, quando os dragões venceram a Taça dos Campeões Europeus de futebol.
O Paris Saint-Germain recordou Artur Jorge como uma "personagem erudita" que levou o clube ao seu segundo título de campeão francês de futebol em 1993/94.
Numa nota de condolências publicada no seu sítio oficial na Internet, o atual campeão francês recorda a contratação de Artur Jorge em 1991 para comandar a equipa.
"Em 1991, o Paris Saint-Germain contratou essa personagem erudita e francófona com o objetivo de conquistar um segundo título de campeão de França. Em três anos, esse objetivo foi alcançado", lê-se.
Recordando igualmente o "célebre bigode" de Artur Jorge, o PSG fez um balanço do percurso de carreira de Artur Jorge, concluindo a nota apresentando "as mais sinceras condolências" à família do antigo selecionador português.
O presidente da Mesa da Assembleia Geral do Benfica, Fernando Seara, expressou sentidos pêsames à família de Artur Jorge.
"Em nome do Benfica, os sentidos pêsames a toda a família. Eu recordo o senhor Artur Jorge, porque já tenho idade e lembro-me do senhor Artur Jorge vir de Coimbra para o Benfica", começou por dizer o dirigente 'encarnado', em declarações à BTV, em Toulouse, onde o Benfica defronta esta quinta-feira a formação francesa, para a Liga Europa.
O antigo avançado Artur Jorge, iniciou a carreira no FC Porto, tendo, depois, rumado à Académica, em Coimbra, onde, como jogador-estudante cursou Filologia Germânica, antes de chegar ao Benfica, clube no qual venceu quatro campeonatos e duas Taças de Portugal.
"Para mim, são três marcas, primeiro como jogador, e goleador, depois o treinador, com conquistas, e ainda um elemento importante neste tempo, porque foi um dos jogadores que deu sentido ao sindicalismo no futebol português. A dignidade do futebolista também teve nele uma marca e uma referência. Para mim, como benfiquista, recordo a subtileza e mestria, aqueles golos de cabeça que, no velho estádio, me fizeram saltar tantas e tantas vezes", recordou Fernando Seara.
O dirigente 'encarnado' enalteceu ainda a importância de Artur Jorge, que jogou 16 vezes pela seleção principal portuguesa, na génese do sindicato de futebolistas.
"O Benfica expressa os sentidos pêsames, eu recordo o jogador, o treinador e o homem que deu dignidade ao futebolista em Portugal", rematou Fernando Seara.
O Belenenses recordou o fim da carreira de futebolista e o início do percurso como treinador. "Os órgãos sociais do Clube de Futebol 'Os Belenenses' tomaram conhecimento do falecimento de Artur Jorge, aos 78 anos, avançado que totalizou 51 jogos e 14 golos de Cruz de Cristo ao peito entre as temporadas 1975/76 e 1977/78, tendo regressado ao Restelo em 1981/82 para orientar o plantel sénior em nove partidas", explicaram.
Em comunicado assinado pelos órgãos sociais do clube do Restelo, que alinha agora na II Liga de futebol, estes expressaram "as mais sentidas condolências" a todos os seus familiares e amigos, "neste momento difícil e em nome de toda a família belenense".
Por sua vez, o presidente da Académica -- Organismo Autónomo de Futebol (OAF) disse que o antigo selecionador nacional Artur Jorge será sempre recordado como um homem que marcou o desporto português.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Ribeiro manifestou o "profundo pesar" pela morte do antigo treinador e ao mesmo tempo o orgulho da sua passagem por Coimbra.
"Foi um futebolista que tivemos a felicidade de passar por Coimbra e que marcou um período de ouro da Académica (1965-1969), que ia conquistando um campeonato e uma Taça de Portugal e foi às competições europeias", sublinhou o dirigente.
O presidente do clube dos 'estudantes' salientou ainda a passagem de Artur Jorge pelo comando técnico da 'briosa' na época 2002/03, na qual conseguiu a manutenção num ano "extremamente difícil".
Ao serviço da Académica, Artur Jorge chegou a ser o segundo melhor marcador do campeonato, na época 1966/67, apenas superado por Eusébio, na qual a Académica obteve o segundo lugar, atrás do Benfica, na sua melhor classificação de sempre.
"Para sempre um nome ligado ao nosso futebol. Descansa em paz, Artur Jorge", lê-se numa publicação da Federação Portuguesa de Futebol na rede social X, acompanhada por uma fotografia do treinador enquanto selecionador luso, cargo que ocupou em duas ocasiões.
Humberto Coelho, vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, lamentou a morte do antigo colega de equipa Artur Jorge, considerando que foi alguém que "prestigiou o futebol português".
"O Artur Jorge não foi apenas um grande jogador e treinador de futebol, mas também uma grande pessoa. Tivemos momentos muito bons, enquanto adversários, estava ele na altura na Académica e tinham uma grande equipa. Jogos muito difíceis e duros, com resultados imprevistos", disse, em declarações divulgadas pela FPF.
Humberto Coelho lembrou depois o momento em que se encontraram no Benfica e na seleção nacional, referindo que construíram uma "amizade muito forte".
"Depois foi meu colega no Benfica e na seleção nacional. Em parceria com o Toni, construímos uma amizade muito forte. É um momento muito triste, mas a vida é assim. Envio os meus sentimentos à família", afirmou.
O antigo defesa central destacou ainda Artur Jorge como um profissional "competente, dedicado e com resultados notáveis", salientando que "prestigiou o futebol português".
O antigo jogador e treinador do Benfica Toni disse que o futebol português "perde uma das suas figuras marcantes", após a morte de Artur Jorge, e recordou ainda o seu "lado de cidadania".
"O futebol português perde uma das suas figuras marcantes, quer como jogador, quer como treinador que trouxe para o FC Porto a primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus e de campeão mundial. Um treinador que marca a sua geração. O futebol português ficou mais pobre, está de luto", lamentou Toni, em declarações à agência Lusa.
Para além das qualidades como treinador, Toni destacou ainda "o lado de cidadania" de Artur Jorge, "um homem de lutas" que iniciou "na Associação Académica" de Coimbra e que se "transferiram depois" para a sua atividade profissional no futebol.
"Foi um dos homens que lutou pela liberdade em relação àquilo que foi uma viragem muito grande, aquando da formação do Sindicato [dos Jogadores] em Portugal e o fim do direito de opção", recordou.
O treinador destacou ainda a "relação de amizade" iniciada quando era juniores, com Toni "no Anadia" e Artur Jorge "no FC Porto", antes de partilharem "momentos na Académica" e, mais tarde, vestirem "o mesmo manto sagrado do Benfica".
Reconheceu, por outro lado, que tiveram também, "uma relação de alguma crispação", que foi "ultrapassada" por serem "gente inteligente".
"Soubemos ultrapassar esse momento menos bom. Guardarei para sempre uma relação de amizade por estas situações que tive com o Artur Jorge", resumiu Toni.
Em comunicado, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional refere que "lamenta profundamente o falecimento de Artur Jorge, antigo internacional português, que se notabilizou tanto como jogador e treinador ao serviço de FC Porto, Benfica e Académica".
"À família enlutada e a todos os adeptos em geral, a Liga Portugal endereça as mais sentidas condolências", lê-se. O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol também lamentou a morte de Artur Jorge, primeiro presidente e sócio número um, salientando que teve um papel fundamental na afirmação do organismo.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, assumiu a consternação pela morte de "uma figura indelével do futebol português".
"Foi com grande consternação e tristeza que tomei conhecimento da morte de Artur Jorge, uma figura indelével do futebol português. Jogador de grande gabarito, internacional por 16 vezes, selecionador nacional em duas ocasiões e, como treinador principal, campeão europeu ao serviço do FC Porto, Artur Jorge sempre prestigiou o futebol nacional na Europa e no mundo", lê-se na mensagem de condolências de Fernando Gomes.
"O Sindicato dos Jogadores está de luto pelo falecimento do seu primeiro presidente e sócio n.º 1, Artur Jorge. Fundado a 23 de fevereiro de 1972, o Sindicato dos Jogadores foi constituído por Artur Jorge, Eusébio, António Simões, Fernando Peres, Rolando, Manuel Pedro Gomes e João Barnabé, entre outros, e no primeiro comunicado que emitiu exigiu o fim da lei da opção e respeito pelas garantias laborais dos jogadores", refere em comunicado.
O sindicato acrescenta que, enquanto primeiro presidente, Artur Jorge ajudou a "estabelecer a organização" e foi fundamental na "criação de condições para que o sindicato se viesse a afirmar", lembrando o seu percurso como futebolista e como treinador.
O presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, manifestou também "o mais profundo pesar" pela morte de Artur Jorge.
"Foi com enorme tristeza que recebi a notícia do falecimento de Artur Jorge e as minhas primeiras palavras são para a sua família e amigos próximos, neste momento de profunda dor. O Artur será sempre uma das figuras mais importantes e respeitadas do futebol português", disse, citado no comunicado.
Evangelista considerou Artur Jorge um dos "pais fundadores" do sindicato, referindo que lhe devem a "coragem, o espírito de missão e o sacrifício para dar vida à estrutura sindical, em plena ditadura".
"Quis o destino que nos deixasse na véspera do aniversário da organização que ajudou a fundar, sendo da mais inteira justiça, em nome de todos os futebolistas, das mais diversas gerações, prestar-lhe a mais sincera homenagem. Um homem bom, que respirava futebol e esteve sempre do lado das causas certas. Descanse em paz Artur Jorge, obrigado pelas coisas bonitas", concluiu.
O Vitória de Guimarães considerou que a morte do antigo treinador e selecionador nacional Artur Jorge representa "uma perda enorme para o futebol português", enviando condolências à família e amigos.
"O Vitória Sport Clube manifesta o mais profundo pesar e tristeza pelo falecimento de Artur Jorge, aos 78 anos. É uma perda enorme para o futebol português", refere a nota publicada pelos vimaranenses no sítio oficial.
O Créteil-Lusitanos expressou a tristeza com a morte do treinador que comandou o clube francês em 2006/07.
"O Créteil-Lusitanos teve a tristeza de saber da morte de Artur Jorge, treinador do clube na época 2006/07. Com passagens por FC Porto, Paris Saint-Germain, Benfica ou ainda pela seleção de Portugal, Artur Jorge trouxe toda a sua experiência para o clube", enalteceu o emblema francês, na rede social Instagram.
Esta foi a última experiência na Europa de Artur Jorge, antes de uma interrupção na carreira até novembro de 2014, quando assinou pelos argelinos do MC Alger, o seu último clube.
"O Creteil-Lusitanos expressa as suas mais sinceras condolências à família e familiares de Artur Jorge, e saúda a memória de um homem cujo coração batia pelo futebol", rematou o clube francês, atualmente no National 2, o quarto escalão.
O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, assegurou que são merecidos todos os elogios feitos ao antigo treinador Artur Jorge, com quem o atual treinador do FC Porto se estreou na seleção portuguesa.
"É uma perda enorme, não só para o país, mas também para o futebol, para o desporto em geral e mais concretamente para o FC Porto. Primeiro quero mandar um abraço à família, um abraço sentido da minha parte, do grupo de trabalho e da minha família também. Houve muita ligação entre mim e o senhor Artur Jorge na minha primeira convocatória para a seleção nacional", afirmou Sérgio Conceição, citado pelo emblema dos dragões, reconhecendo em Artur Jorge "um grande homem, um grandíssimo profissional".
"Tive o azar de me magoar duas vezes e à terceira fui internacional nas Antas com ele", referiu Sérgio Conceição, recordando o dia 9 de novembro de 1996, quando substituiu Rui Costa na vitória da equipa das 'quinas' frente à Ucrânia, em jogo de qualificação para o Mundial1998.
"Tenho um afeto especial porque a pessoa que me lançou no futebol era a Dona Filomena, cunhada do senhor Artur Jorge, são de Coimbra. Conheço os sobrinhos, joguei com eles, e tínhamos uma ligação grande a esse nível. Agora o que fica são as grandes memórias de um grande homem, um grandíssimo profissional e o primeiro treinador português a ganhar uma Liga dos Campeões", vincou.
"Era um gentleman, alguém de um trato fantástico, não era seguramente o meu estilo, o meu estilo no sentido em que eu sou um bocadinho mais efusivo a passar a minha mensagem e ele era uma pessoa muito tranquila, muito calma e foi uma inspiração para todos, sinceramente. Eu adorei trabalhar com ele na seleção nacional. Conheci-o também um bocadinho fora do futebol e era essa pessoa de que toda a gente fala. E agora não é por ele partir que vamos de elogio fácil. É merecido. Tudo aquilo que eu disse e que as pessoas dizem do Artur Jorge", concluiu.
Também o presidente do FC Porto considerou que Artur Jorge ficou para a história do clube, mas também do futebol português, ao ser o primeiro treinador a conquistar a Taça dos Campeões Europeus.
"É muito importante [na história do clube]. Se é o primeiro treinador a ser campeão europeu num clube português, é evidente que a história dele não é só importante no FC Porto, mas também no futebol português. Era um estudioso, um homem que vivia intensamente os jogos e que se preparava muito bem", disse Pinto da Costa.
"Como treinador, foi uma aposta minha em 1984, fizemos um percurso lindíssimo, foi o primeiro título que o FC Porto conquistou na minha presidência e foi o primeiro treinador português a ganhar uma prova europeia em 1987. Fez uma equipa fabulosa, conseguiu criar um espírito de grupo e de vitória. Naquela final, embora o favoritismo fosse todo do Bayern Munique, incutiu no espírito dos jogadores uma ambição que fez com que, quando entrámos em campo, os jogadores acreditassem que iam ganhar", referiu.
Pinto da Costa lembrou que como jogador "era uma promessa" nos juniores dos 'dragões', mas que, "por um acidente foi cedido à Académica e depois teve uma grande carreira na seleção nacional", passando ainda por Benfica e Belenenses.
Notícia atualizada às 15h03
