"Uma pessoa impecável que deixa saudades" e um treinador "extraordinário": as reações à morte de Eriksson
Sven-Göran Eriksson morreu aos 76 anos, vítima de um cancro no pâncreas
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O treinador sueco Sven-Göran Eriksson, tricampeão português no Benfica e primeiro estrangeiro a ocupar o cargo de selecionador inglês de futebol, morreu, esta segunda-feira, aos 76 anos, vítima de um cancro no pâncreas. Em declarações à TSF, António Veloso, antigo capitão do Benfica e um dos jogadores treinados por Eriksson, recorda um técnico que falava pouco, mas dava muito.
"Era um treinador que não era muito participativo com os jogadores, mas conseguia fazer com que fizéssemos o melhor. Deixa saudades, porque era uma pessoa impecável. Nunca dizia não a nada", afirma, lembrando a homenagem feita há uns meses ao antigo treinador sueco, no Estádio da Luz, em Lisboa.
"Foi extraordinária a forma como o receberam e ele também ficou muito contente, quase que as lágrimas caiam pelo rosto, mas ele aguentou-se. Um sinal que ele gostou muito de participar no Benfica e das conquistas que teve", acrescenta.
Também ouvido pela TSF, Álvaro Magalhães, também treinado por Eriksson, refere que o sueco marcou não só o Benfica, mas também a história do futebol português. "Eriksson ficou na história do Benfica não só como treinador, mas também como homem. Era uma pessoa extraordinária e como treinador só posso dizer que foi ele que revolucionou o futebol português em termos de metodologia de treino. Foi ele que criou uma dinâmica de futebol mostrada ao longo dos anos em que ele esteve aqui em Portugal. É uma pessoa que deixa saudades", diz.
O antigo jogador do Benfica Toni considera que o maior legado que Eriksson deixa é a forma corajosa como se despediu das pessoas. À TSF, o ex-jogador destaca a força do sueco.
"Todos nós ficamos surpreendidos pelo anúncio que foi feito pelo Eriksson em relação à doença que tinha e aos meses que tinha de vida. Deixou um legado a todos nós pela força e pela coragem que teve em relação ao momento que vivia", afirma. Sven-Goran-Eriksson foi homenageado em abril, no Estádio da Luz, pelo Benfica. Toni estava lá e conta que privou com o ex-treinador.
"Falámos durante mais de duas horas, não falamos de doenças, falámos da vida, do futebol, de todas as histórias vividas dentro do Benfica. Hoje é um dia de tristeza, de muita saudade de alguém que nos deixa marcas profundas, uma grande amizade. Este é um ano que tem sido difícil para todos, porque foram vários os amigos que partiram. Com eles vai sempre um bocado de nós, porque partilhámos juntos muitas coisas boas, outras menos boas. Isso deixa-nos muita tristeza", lamenta.
Um técnico "revolucionário" à "frente do seu tempo". Benfica, FC Porto e Sporting recordam Eriksson
Também o Benfica lamentou a morte do seu antigo treinador Sven-Goran-Eriksson, recordando-o como um exemplo de "elegância, educação e urbanidade", além de um técnico "revolucionário" e "à frente no seu tempo".
"Muito para além dos títulos, a marca de Eriksson no futebol português foi a de um revolucionário, de um treinador à frente no seu tempo. No plano social, destacou-se sempre pela elegância, educação e urbanidade. Um treinador e um homem verdadeiramente à Benfica", reagiu o clube da Luz, em nota divulgada no seu site oficial.
O emblema lisboeta lembra o sueco como "um dos mais icónicos e reconhecidos treinadores" que passaram pela Luz, salientando: "Sven-Göran Eriksson, um nome que une várias gerações de Benfiquistas que, juntos, nunca permitirão que seja esquecido".
FC Porto e Sporting, eternos rivais do Benfica, uniram-se nas condolências pela morte do antigo treinador de futebol dos encarnados Sven-Goran Eriksson, recordando o "gabarito" do sueco e uma "grande figura mundial".
"É sempre uma honra defrontar treinadores deste gabarito. O Futebol Clube do Porto envia sentidas condolências à família e amigos de Sven-Göran Eriksson", escreveu o clube azul e branco, numa publicação na rede social X.
Na mesma rede social, os leões manifestaram pesar pela morte de Eriksson, elegendo-o como "uma grande figura mundial".
"Estamos gratos pelas suas proezas"
A UEFA considera Eriksson como uma "figura acarinhada no futebol". "Em nome da comunidade futebolística europeia, todos na UEFA estão profundamente tristes por saber do falecimento de Sven-Goran Eriksson", refere o organismo que tutela o futebol europeu.
O Gotemburgo lamentou também a morte do treinador Sven-Goran Eriksson, a quem diz estar grato por tudo o que fez pelo clube, mas também pelo futebol da Suécia.
"Estamos tão gratos pelas suas proezas, aquilo que fez no IFK Gotemburgo e pelo futebol sueco. Estamos também felizes por lhe podermos ter dito obrigado na primavera, num jogo em sua homenagem e ao dar o seu nome a uma das bancadas", assinalou o clube, em comunicado divulgado no site oficial.
"Inovador e verdadeiro embaixador" do futebol
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, mostrou-se "profundamente entristecido" pela morte do sueco Sven-Goran Eriksson, lembrando-o como um "inovador e verdadeiro embaixador" do futebol que praticou, antes de ser treinador.
"Estou profundamente entristecido ao saber da morte de Sven-Goran Eriksson. Como treinador, foi um grande inovador e um verdadeiro embaixador do nosso jogo bonito, conquistando troféus nacionais em três países europeus diferentes, além de duas conquistas continentais, com o Gotemburgo e a Lazio", pode ler-se numa declaração
Infantino, citado na conta na rede social X do organismo de cúpula do futebol mundial, lembrou a longa carreira e a "influência global", não só como selecionador de Inglaterra, México, Costa do Marfim e Filipinas, como nos clubes um pouco por todo o mundo, incluindo o Benfica.
"Como pessoa do futebol, liderou com entusiasmo e um sorriso. Em nome da FIFA e da nossa comunidade global, envio condolências à família e amigos neste momento difícil", acrescentou o dirigente.
Eriksson morreu esta segunda-feira em casa, aos 76 anos, depois de uma luta contra um cancro no pâncreas, informou a família do antigo treinador, em comunicado.
Notabilizou-se enquanto treinador ao serviço do Gotemburgo, o que o conduziu ao Benfica em 1982/83, mantendo-se por duas épocas na Luz, antes de regressar em 1989, para mais três temporadas pelas 'águias'.
No Benfica, o treinador, trazido pelo empresário Borge Lantz, após a conquista da Taça UEFA com o Gotemburgo, revolucionou o futebol dos 'encarnados', com ideias inovadoras à época, e conduziu a equipa a três campeonatos (1982/83, 1983/84 e 1990/91), a uma Supertaça (1989/90) e a uma Taça de Portugal (1982/83).
Eriksson liderou também as 'águias' na final da Taça UEFA de 1982/83, perdida para o Anderlecht, em eliminatória a duas mãos, e na final da Liga dos Campeões de 1989/90, em que perdeu com o AC Milan (1-0), em Viena.
Os resultados na primeira passagem pelo Benfica levaram o treinador a ser cobiçado na Europa, levando-o em períodos distintos à Série A, como treinador da Roma, Fiorentina, Sampdoria e Lazio.
Mais tarde, desempenhou funções de selecionador de Inglaterra, México, Costa do Marfim e Filipinas, mas também foi treinador do Manchester City, Notts County, Leicester, Shanghai SIPG, Guangzhou, entre outros.
No início do ano, o treinador revelou ter sido diagnosticado com um cancro do pâncreas em fase terminal e que teria, de acordo com parecer clínico, menos de um ano de vida.
A informação mereceu uma onda de solidariedade e lembrança ao treinador, que chegou a ser homenageado presencialmente por alguns dos clubes pelos quais passou, desde o Gotemburgo à Sampdoria, mas também o Benfica.
Os 'encarnados' receberam o treinador no Estádio da Luz em abril, antes de um jogo europeu com o Marselha, para a Liga Europa, e Eriksson foi ovacionado de pé pelos adeptos, mas também por muitos jogadores que treinou e que estiveram nesse dia ao seu lado.
Toni, que foi seu adjunto, e futebolistas como Maniche, Rui Águas, César Brito, Humberto Coelho, Shéu Han, Filipovic, Valido, Veloso, João Alves, Vítor Paneira, Bastos Lopes, Valdo, Diamantino, Carlos Manuel ou Álvaro Magalhães foram alguns dos seus antigos jogadores que o ladearam, depois de lhe prestaram um corredor de honra, entre aplausos e cumprimentos.
"Eriksson: desde de 1982, até ao fim", escreveram os adeptos.
