Argentino de 28 anos foi um dos alvos do ataque. Na Madeira tinha sido ameaçado por Fernando Mendes.
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O jogador argentino do Sporting Marcos Acuña garantiu, esta terça-feira, em tribunal que para além das agressões de que foi alvo no ataque à Academia de Alcochete, recebeu ainda ameaças de morte.
"Levei uma bofetada, depois murros e pontapés", conta o jogador de 28 anos. "Tentaram tirar-me o equipamento de treino, mas não conseguiram." Enquanto isso, relata o jogador, diziam-lhe: "Vamos matar-te, sabemos onde vives e qual é a escola dos teus filhos."
Atiravam ainda que "se não ganharem no domingo vão ver o que vos acontece", referindo-se à final da Taça de Portugal, quando se preparavam para abandonar o local.
Sem responder às agressões, o argentino garante que tentou apenas cobrir o rosto. Acuña recorda-se ainda de agressões a William Carvalho e Battaglia, mas os invasores chamavam também por Rui Patrício.
"O William estava junto à porta e eles perguntaram por mim e por Battaglia", aponta o jogador de 28 anos, que conta que alguns dos atletas tentaram fechar a porta, sem sucesso. Bas Dost era o único jogador que estava fora do balneário.
"Em cada jogo que jogamos e não vencemos penso que isto pode voltar a acontecer", explica Acuña, acrescentando que o medo continua presente.
Bruno de Carvalho chegou a Alcochete duas horas depois do ataque e esteve no balneario, mas os jogadores já não estavam no local. Acuña recorda que viu o presidente chegar juntamente com o responsável do futebol, André Geraldes.
Antes do ataque
Sobre o final do jogo com o Marítimo, Acuña diz que apenas pediu apoio aos adeptos e recebeu insultos em troca. Depois, no aeroporto, recorda-se de que um dos adeptos lhe gritou que queria falar com ele, ouvindo ainda que "na academia falamos".
O argentino garante que não o confrontou. Voltou a ouvi-lo antes de entrar no avião, gritando o seu nome. Não sabia quem era o adepto, só soube depois por alguns colegas de equipa e por imagens da televisão: era Fernando Mendes, líder da Juventude Leonina.
Marcos Acuña foi um dos alvos dos adeptos depois de uma acesa troca de palavras no aeroporto do Funchal, no final do jogo entre Marítimo e Sporting em que os leões perderam o acesso à Champions.
A reunião com Bruno de Carvalho
Na véspera do ataque, Marcos Acuña e a restante da equipa reuniram-se para falar com Bruno de Carvalho e outros elementos da direção leonina. O tema da conversa foi, não apenas o jogo com o Marítimo, mas também o que aconteceu depois. Rui Patrício e William Carvalho discutiram com o presidente, mas Acuña não percebeu o motivo.
Nesse encontro, Bruno de Carvalho disse - recorda Acuña - que alguns adeptos lhe tinham ligado para pedir a morada do argentino e que iriam à sua procura. Em resposta, Marcos Acuña disse que tinha a intenção de falar com os adeptos.