Vanessa Fernandes fala de atletas que não sabem o que é alta competição
Vanessa Fernandes considera que há atletas portugueses que não sabem o significado da alta competição. A medalha de prata no trialtlo dos Jogos Olímpicos criticou aqueles que ficam contentes com qualquer lugar e disse que essa não é a sua atitude.
Corpo do artigo
Vanessa Fernandes entende que há atletas portugueses que desconhecem o significado de viver em desporto de alta competição e lembrou que a «alta competição não é brincadeira nenhuma».
«Não é fazer meia dúzia de provas, andar a receber uma bolsa e está feito. Muitos não vêm bem a realidade das coisas. Não têm a noção do que isto significa. Se calhar por termos facilidade a mais», explicou em Changqing, na China.
A medalha de prata no triatlo dos Jogos Olímpicos acrescentou que «nunca na vida vinha para aqui para viajar e ver os Jogos» e que o seu «pensamento nunca foi esse», tendo, ao mesmo tempo acusado alguns atletas nacionais de falta de ambição.
«É que há pessoas a quem lhes é igual ficar em 50º ou 20º ou o que quer que seja. Nunca pensaria assim. Até ficava desiludida se pensasse dessa maneira. Os resultados é que me dão ambição para fazer melhor para a próxima. E nunca estou satisfeita», adiantou.
A primeira do ranking internacional do triatlo frisou que há dificuldades em Portugal para perceber o que é alta competição, uma situação em que «deve haver objectivos concretos, pessoas em quem confiar a cem por cento e nunca fazer as coisas só por si próprias».
Vanessa Fernandes criticou a falta de uma «estrutura fixa» em sectores como o atletismo e a natação, tendo destacado «trabalho e procura de limites» no quotidiano de atletas da estirpe de Naide Gomes e Nelson Évora.
A triatleta falou ainda do seu caso para se congratular com tudo aquilo que conseguiu em termos de descanso, alimentação, treinadores, equipa de treino, apoio da família e amigos.
Em relação à medalha de prata que ganhou, Vanessa Fernandes justificou porque a dedicou ao seu pai Venceslau, lembrando que as dificuldades pelas quais passou o vencedor da Volta a Portugal em 1984.
«Nos tempo do meu pai poucos eram capazes de competir assim. Era trabalhar para ganhar dinheiro e treinar por gosto. Admiro-o por tudo o que conseguiu como desportista, pois na altura não havia condições», recordou.