Chegou tarde ao futebol de elite na formação, mas começou cedo a marcar. No primeiro treino causou impacto, não porque fosse brilhante tecnicamente, mas porque levou a sério a oportunidade. É o que conta na TSF o treinador José Carvalho Araújo, antigo treinador de Vitinha na formação do Sporting de Braga.
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Há quatro anos, Vitinha chegava a Braga para um treino de captação. Esse tipo de exercício, a busca de jogadores que passaram ao lado do radar, era raro num clube que aposta forte no futebol de base, que alimenta talentos durante mais de uma década até à afirmação na equipa principal. José Carvalho Araújo era treinador dos juniores, e não se esquece do que viu naquele dia no Campo da Ponte, anexo ao estádio 1.º de Maio.
Vitinha tinha 17 anos. "Era um miúdo com um percurso muito interessante. Chegava tarde ao Sporting de Braga, apenas no primeiro ano de júnior. Vinha de uma realidade muito pouco competitiva, numa pequena localidade próximo de Cabeceiras de Basto. Chegou num momento de captações, algo que o Sporting de Braga raramente fazia", lembra José Carvalho Araújo, antigo técnico dos juniores e sub-23 minhotos.
Naquele treino, num campo anexo ao Estádio 1º de Maio, José Carvalho Araújo reteve os três golos de Vitinha. "Mas a verdade é que era um miúdo que, já na altura se valia de uma enorme vontade, disponibilidade física, uma humildade incrível, mas faltava-lhe aquele charme, o elemento diferenciador que outros jogadores da sua idade tinham. Mas ele compensa isso com o trabalho", lembra o treinador de futebol.
Com dez golos esta temporada na equipa principal, Vitinha vem mostrando que há exceções no processo de formação de jogadores de elite, Vitinha não era afinal um patinho feio. "Tem vindo a refinar o seu jogo. Continua com um sentido apuradíssimo para o golo, algo que, sabemos, no futebol vale muito. E é tudo mérito dele, do trabalho dele, e isso é algo de muito invulgar".
"O Vítor é de 2000, tem 20 aninhos (...) Ao sair tarde de casa, ter de se adaptar... eu fui o treinador que o recebeu, que o acolheu, que fez a captação e que depois esteve com ele nos primeiros anos [percurso partilhado nos juniores e depois nos sub-23]. A capacidade com que o miúdo lidou de passar de um contexto com poucas condições de trabalho para a academia, para um Sporting de Braga, um campeonato nacional... foi uma mudança muito grande, e o miúdo não se intimidou", lembra José Carvalho Araújo.
Mas era Vitinha a grande aposta na equipa e na formação, a grande estrela da geração de 2000? "Era improvável", resume José Carvalho Araújo. Mas está a fazer um percurso brilhante (...) Ele não era a grande aposta para ponta de lança. Mas a meio da temporada agarrou o lugar (...) tanto ia à equipa B treinar como jogava no distrital [jogos pela equipa secundária de juniores], e mostrava a mesma vontade e ambição. E isso é muito interessante e demonstrava que a nível emocional estava mais do que preparado".
Frente ao Arouca, Vitinha assinou o primeiro hat-trick com a camisola principal do Sporting de Braga. Precisou apenas de 25 minutos para marcar três golos ao Arouca.