Pela 11ª vez em 17 jogos o Portimonense vai entrar em campo num dia fora do fim de semana. Os algarvios jogaram apenas 3 vezes em casa num sábado ou domingo. Treinador e adeptos mostram preocupação.
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O ritual tem muito que se lhe diga e é tão difícil de explicar a quem não vê o futebol como quem gosta de futebol. Sair de casa horas antes de o árbitro inspirar para apitar pela primeira vez, como se ainda se fossem encher e coser as bolas, imaginar o onze que vai calcar aquele relvado que encheu a infância de sonhos, dizer as coisas do costume ("hoje o Roberto Piripité faz dois"), aquela conversa de sempre, velhinha, velhinha, com os mensageiros da desgraça e os delirantes que acreditam que se o Barcelona aparecesse naquele domingo pela frente até chorava...
Domingo. Domingo é o dia de futebol, vem nos livros, toda a gente sabe. Mas não é assim para todos. Em 17 jornadas, o Portimonense entra em campo esta noite (vs. Paços) pela 11.ª vez em campo num dia que não é no fim de semana. Ou seja, os algarvios vão jogar pela sétima vez a uma segunda-feira, tendo jogado ainda três vezes à sexta-feira e outra numa quinta-feira. Será o futebol para os adeptos?
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"Olhando para a equipa, sendo um clube pequeno com orçamento pequeno, que gosta de ter a massa associativa em casa... Não podendo jogar ao fim de semana, que é quando as pessoas que trabalham têm mais possibilidade de vir, torna-se difícil", desabafa com a TSF um adepto perto do Estádio Municipal de Portimão. "Vamos fazendo o sacrifício tentando vir, mas à semana é muito complicado."
E o que pensa Vítor Oliveira deste cenário? "Se jogarmos na segunda-feira à noite no Norte do país e tivermos jogo, por exemplo, na sexta-feira aqui, o tempo de recuperação e tempo de treino não é o ideal. Se isto for feito de uma forma sistemática, é evidente que o desgaste acaba por ser enorme e acabamos por ser penalizados", defende.
Oliveira acrescenta: "Quem quiser ver futebol de Primeira Liga no Alentejo e no Algarve tem alguma dificuldade. Os jogos do Portimonense deviam ser de alguma forma resguardados em termos de marcação de datas e horários, para possibilitar que toda a gente no raio de 100 ou 150 quilómetros possa ver futebol de Primeira Liga".
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Se fizermos a destrinça entre jogos em casa e fora, a coisa fica ainda mais drástica: o Portimonense jogou apenas três de oitos jogos em casa no fim de semana (Desp. Aves, Tondela e Desp. Chaves). De resto, recebeu Boavista, Marítimo, Feirense, Vitória de Setúbal e Belenenses noutros dias da semana.
"[Os adeptos] vêm outra vez à segunda-feira, o que também torna difícil para os nossos associados deslocarem-se. As distâncias já são muito longe, já não vai muita gente, mas os poucos que querem ir também têm alguma dificuldade. Torna-se extremamente difícil o acompanhamento das pessoas que gostariam de estar presentes com o clube", lembra o treinador que, depois de subir dez vezes na Segunda Divisão, trouxe um futebol com ginga nipónica para o principal escalão.
"Saio muito tarde, os jogos às vezes são às sete, oito e eu saio às seis. Não dá tempo para vir para cá", lamenta um jovem adepto do clube algarvio.
Esta situação não é apenas vivida por Portimonense, embora aconteça em menor escala. O pódio encerra-se com Feirense (9 vezes; joga esta segunda-feira no Estoril, às 21h) e Vitória de Setúbal (8 vezes; vai terça-feira a Tondela). O clube de Vítor Oliveira visita esta noite o Paços de Ferreira, em jogo a contar para a 17.ª jornada para encerrar a primeira volta.
Aqui ficam os dados de todos os clubes da Primeira Divisão:
Portimonense, 11 jogos fora do fim de semana em 17 jornadas
Feirense, 9/17
Vit. Setúbal, 8/17
Belenenses, 7/17
Benfica, 6/17
Rio Ave, 6/17
V. Guimarães, 6/17
Boavista, 6/17
Paços, 6/17
D. Chaves, 6/17
Estoril, 6/17
Moreirense, 5/17
Marítimo, 5/17
Sp. Braga, 5/17
Sporting, 5/17
FC Porto, 5/17
Tondela, 3/17
D. Aves, 3/17