Avançado brasileiro volta a resolver contra o Sporting, tal como fizera na estreia com a camisola do FC Porto. Dragões vencem primeira mão da meia-final e ficam mais perto do Jamor.
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Há histórias assim. Quando chegou ao FC Porto estreou-se no Dragão, numa noite de fevereiro, contra o Sporting de Jesus. Rúben Semedo e Coates não souberam travar este furacão natural de Rio Grande do Norte. O avançado brasileiro marcou dois golos e os dragões venceram os leões por 2-1. Há sensivelmente duas semanas, Soares foi substituído contra o Sporting, num jogo a contar para a Taça da Liga, e pintou-se um cenário negro. Gonçalo Paciência até regressou de empréstimo, o espaço parecia reduzido. Mas o futebol é assim: atar e desatar nós em fatalidades. Soares resolveu esta noite o clássico no Dragão (1-0) e coloca o FC Porto mais perto do Jamor.
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Piccini, Coates e Mathieu na zona central, com Ristovski e Fábio Coentrão pelas alas. Foi nesta fórmula que Jesus apostou, para travar os movimentos dos avançados poderosos do rival, mas também para colocar um "stop" nas subidas de Alex Telles, o rei das assistências do campeonato, e pelo meio de Brahimi (pior exibição da época?). Embora tivesse tanta gente atrás, o Sporting poucas vezes saiu a jogar com qualidade, cedendo à tentação e fórmula do rival: a verticalidade. "Jorge Jesus foi inteligente, tentou não encaixar golos...", admitiria no fim Sérgio Conceição.
Sérgio Conceição apostou no seu 4-4-2 clássico com liberdades, embora bem definido -- fica para trás a ideia de jogar sempre jogos grandes em 4-3-3, com Sérgio Oliveira enfiado no pacote. Marega andava à bulha com os centrais (e também aparecia na direita na hora de ser venenoso), Soares idem, mas lá descia de vez em quando; Brahimi pela esquerda, com autorização para criar no meio, e Corona, um dos melhores da primeira parte, pela direita. Sérgio Oliveira e Herrera, que competiam contra Bruno Fernandes e Battaglia, iam subindo à vez, embora tivesse sido possível vê-los aos dois no último terço uma ou outra vez, o que depois coloca muita importância à forma como reage à perda da bola. E isso pede uma equipa curta.
A primeira parte de Corona foi muito interessante, principalmente pelas duas bolas que meteu, para isolar dois colegas, qual Hagi de Hermosillo. Primeiro foi Brahimi que gozou do tempero mexicano, mas o argelino foi engolido pela mancha de Rui Patrício. Depois foi Herrera, numa combinação entre compatriotas, que falhou o vólei olhos nos olhos com o capitão do Sporting e guarda-redes da seleção nacional. Os postes da baliza deste homem tremeram e tilintaram, sim, mas depois de um remate de Sérgio Oliveira de livre direto. Foi aos 28 minutos.
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O Sporting, com um jogo desgarrado, mais preocupado em não se desmontar, vivendo das individualidades (Gelson que o dia), teve o primeiro lance de perigo à passagem dos 25 minutos, com um remate de longe de Bruno Fernandes. O médio voltou a encher o olho, com coragem para jogar, com muita bola no pé e muitas linhas queimadas, para ajudar uma equipa atrofiada coletivamente. Bruno Fernandes está a jogar mais longe da baliza, curiosamente uma posição que não o beneficia tanto segundo o seu treinador, e por isso o raio de ação aumentou. O cansaço, idem, por isso o detalhe vai ficando para trás. É que é preciso uma cabeça fresca para um último passe ou uma finalização de qualidade.
O FCP continua fiel a si mesmo: vertical e venenoso. Estes homens sabem perfeitamente que o caminho para a baliza pode ser feito em três toques, qual TGV. Quando há aperto na saída de bola, estica-se o jogo e os dois avançados, poderosos, ganham a maioria das bolas. Ricardo encheu o corredor direito, o lateral tem pilhas que nunca mais acabam. Se não foi o melhor em campo, esteve muito perto disso.
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O futebolista que cumpria 100 jogos pelo FC Porto teria ainda os holofotes virados para si, a cinco minutos do intervalo, quando uma bomba de Ristovski ameaçou a sua baliza. Iker Casillas desviou para canto e sossegou o Dragão. O intervalo chegou e com ele uma certeza: estas duas equipas não vivem muito confortáveis com a bola no pé, subindo em bloco, preferem disparar na frente. O FCP vive com essa ideia deste o início da época, já o Sporting, ainda por cima sem William, parece ter perdido muita qualidade de jogo. O médio defensivo esteve ausente por queixas após jogo contra o Estoril.
A segunda parte arrancou com um remate muito perigoso de Doumbia, que acabou desviado por Ricardo. A seguir foi a vez de Bruno Fernandes tentar de livre direto, já a queimar a linha da grande área. A bola saiu por cima. O Sporting entrou melhor neste segundo tempo, posicionou-se alguns momentos no meio campo rival.
Ironicamente, ou não, quando os visitantes estavam melhor, foi aí que o veneno entrou. Uma bola perfeita de Sérgio Oliveira encontrou a cabeça de Soares na área, que ganhou a Ristovski e Piccini, para o 1-0. O avançado brasileiro já festejou quatro golos contra o Sporting, sendo que três deles foram com a camisola do FCP. Cinco minutos depois, aos 65', Soares ameaçou o 2-0.
Os vinte minutos finais viram várias coisas: mudanças táticas (o FCP com Otávio jogou em 4-3-3, enquanto o Sporting voltou à defesa a quatro). Rúben Ribeiro, Hernâni, Gonçalo Paciência, Montero e Bruno César foram chamados para o clássico, mas nenhum deles teria grande impacto na jogatana.
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Os momentos finais tiveram um Sporting a pressionar mais forte, com mais agressividade perto da baliza de Casillas. E foi num desses momentos, graças a uma dormência de Ricardo que se deixou antecipar, que Rúben Ribeiro quase inventava um lance para golo. A defesa portista resolveu e acabou com as dúvidas: o marcador não voltaria a bailar. Já ali quase, quase no final da partida Acuña viu o segundo amarelo, após entrada dura sobre Hernâni.
Últimas notas: Jesus volta a confirmar que gosta de mexer em jogos grandes. O Sporting venceu apenas um jogo (nos 90 minutos) nos últimos seis jogos. Segunda derrota seguida para os leões (Estoril e FCP), que só tinham perdido contra Barcelona e Juventus. O FCP sublinha que pode jogar com dois no meio campo até quando Danilo está ausente. Ao terceiro clássico entre estas duas equipas, houve finalmente golos. A equipa TSF no Dragão votou em Sérgio Oliveira para melhor em campo. Um-zero, está tudo em aberto para a corrida ao Jamor. A segunda mão desta meia-final está quase: faltam dois meses...