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Um dérbi emotivo, emocionante, com momentos de cortar a respiração, pleno de oportunidades e com vontade de ganhar de ambas as partes. Na verdade, se para o Benfica o jogo só valia pelo orgulho de bater o velho rival, para os Leões estava em jogo algo importantíssimo: a entrada direta na fase de grupos da Liga Europa, graças ao terceiro posto que estava em pugna com o SC Braga.
Porém, importará viajar no tempo. Estávamos a 17 de janeiro, o mundo ainda não tinha sido sacudido pelo "vírus que nos enlouquece". Nessa sexta-feira, o Sporting recebia um Benfica, na altura, imparável, seguro de si, e que venceria por duas bolas a zero, enquanto o FC Porto parecia comprometer a Liga ao perder, no Dragão, com o SC Braga...de Rúben Amorim! Além disso, para percebermos como as coisas mudaram, importará dizer que, dessa equipa, apenas, Max, Neto, Ristovski e Wendel se mantiveram na equipa principal. O resto será uma espécie de ode à música de Caetano Veloso, o "Leãozinho", tal o aspeto imberbe do Sporting e que, cuja "idade da inocência" terá matado o sonho da equipa verde e branca.

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Porém, o Sporting, hoje, até começou melhor do que o Benfica. Alicerçado no seu tradicional 3-4-2-1, a equipa de Amorim procurou espraiar-se pelo campo todo, pressionar alto, querer mandar no jogo! Seria Sol de pouca dura, contudo. O Benfica, rapidamente, se assenhoraria do desafio. Utilizando um 4-2-3-1 com Seferovic a servir de carro de combate e Chiquinho exímio a ocupar o espaço nas costas do ponta de lança e a combinar com os extremos Cervi e Pizzi, rapidamente os dados da partida se inverteriam.
A equipa da casa, a partir daí, dominaria o jogo a seu bel-prazer. Pressionante, acutilante e a usar com mestria as bolas paradas, haveria de chegar ao golo por Haris Seferovic na sequência de um canto. Porém, antes disso, já Chiquinho e Pizzi tinham estado próximos do momento mais mágico do futebol. Por estes momentos, a equipa verde e branca já respirava com dificuldades, tinha dificuldades nas transições e era inofensiva... a juventude quase imberbe parecia sentir a pressão do terceiro lugar.
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Chegaríamos assim ao intervalo! Continuaríamos assim na segunda metade, apenas com a novidade de Amorim lançar às feras o jovem Tiago Tomás.
Contudo, as águias de Veríssimo ainda que voassem alto, não conseguiam matar o jogo. Os problemas leoninos da primeira metade permaneciam, sendo o Sporting uma equipa inócua e dócil...um leão com dificuldades em rugir!
Mas, ninguém duvide, dos violentos acordares do Rei da Selva, personificado até num dos jogadores mais jovens em campo! Nuno Mendes, que foi gigante na ala esquerda, terá feito uma jogada de compêndio, ainda que fruto da inexperiência tenha desperdiçado o golo.
Porém, serviu para acordar a equipa...o Sporting agigantou-se, subiu no terreno, tentou asfixiar o Benfica e chegou ao ouro, graças ao golo de Sporar.
Festejava o Sporting... o terceiro lugar tão próximo! Jogo controlado, Benfica exausto e a certeza que seria possível sair vivo da Luz, com o apuramento direto no bolso. O Leão mantinha a Águia no solo!
Contudo, o futebol há-de sempre ser fértil em momentos inesperados... Em surpresas! Sê-lo-ia no ocaso do desafio, com Vinicius a aproveitar um mau posicionamento de fora de jogo para garantir a vitória, a Bola de Prata como símbolo de melhor marcador da Liga e...matar o sonho do Sporting em segurar o terceiro posto! Num momento, num remate, tanta história!
Por fim, diga-se que nesta época tão longa, ficarão sempre as últimas imagens! Primeiro, a de um goleador letal que chegou incógnito a Massamá, ao Real, para se tornar numa figura de referência no futebol português. A outra será a de Rúben Amorim. O toque de Midas que parecia ter em Braga e que parecia ter permanecido no Sporting, ter-se-á diluído no confronto com o FC Porto e Benfica, não mencionando o inenarrável confronto com o Vitória FC. Porém, o seu desafio será aliciante. Formar uma equipa estruturada em "putos imberbes" é de uma coragem assinalável e algo que não aparece feito. Duas figuras para acompanhar, pois, na temporada 20/21!