Os investidores estão preparados para absorver eventuais choques políticos, mas a manutenção da incerteza não é bem vinda admite Luís Laginha de Sousa, presidente da Euronext Lisboa.
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"Ao longo dos últimos anos o mercado português já passou por situações muito complexas e muito exigentes. O país hoje está numa situação completamente diferente e a capacidade de lidar com alguns fenómenos que trazem alguma perturbação é, apesar de tudo, maior do que aquela que existia no passado, e isso é positivo", afirmou o responsável em declarações aos jornalistas à margem de um evento na gestora da bolsa portuguesa.
"Os mercados têm normalmente uma enorme capacidade de lidar com aquilo que conhecem, mesmo que seja negativo. Isso provoca efeitos, pode levar à redução do valor dos ativos, mas os mercados incorporam essa informação muito rapidamente e conseguem digeri-la. Aquilo que é mais complicado é quando há incerteza e esse é que é um aspeto com que os mercados têm maior dificuldade em lidar", realçou.
E lançou: "O que me parece fundamental é que possa existir clarificação do rumo e das medidas em concreto. Todos os sinais que temos tido em termos de grandes números são de continuar a haver um alinhamento com aquilo que são os compromissos que o país tem com as entidades financiadoras. E um país como o nosso, que continua a depender do financiamento externo, tem que ter isso em conta e tem que dar os sinais adequados de que está alinhado com esses compromissos".
Segundo Laginha de Sousa, "os números que têm vindo a ser apresentados apontam para esse caminho, mas a forma como se chega a esses números não é indiferente e, portanto, haverá toda a conveniência no mais curto espaço de tempo em perceber como é que esse caminho é feito".
Na terça-feira, o parlamento aprovou a moção de rejeição do PS ao Programa do XX Governo Constitucional, com 123 votos favoráveis de socialistas, BE, PCP, PEV e PAN, o que implica a demissão do executivo PSD/CDS-PP, que se mantém em regime de gestão até um futuro executivo tomar posse.