Proprietários criticam alterações à lei das rendas propostas pelo Governo. Inquilinos respondem que proprietários só estão interessados em "lucros exagerados".
Corpo do artigo
O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), Luís de Menezes Leitão, acusa o Governo de estar a tentar apagar, com gasolina, o fogo que ele próprio criou, ao alterar a lei das rendas.
Esta sexta-feira, no Fórum TSF, Menezes Leitão afirmou que as rendas aumentaram por causa do "imposto Mortágua" - o imposto adicional ao IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) -, e que as medidas agora anunciadas, que incentivam os contratos de longa duração, são uma quebra na confiança dos proprietários.
"Todos nós sabemos que os benefícios fiscais nem duram um ano, porque basta aparecer um Orçamento do Estado que altera tudo", alegou o presidente dos proprietários lisboetas.
"Estas medidas são, a nosso ver, altamente gravosas e, infelizmente, quem vai ser mais prejudicado por elas são precisamente aqueles que o Governo pretende proteger", insistiu.
TSF\audio\2018\04\noticias\27\menezes_leitao_4_nao_confiar_no_gove
Menezes Leitão considera também que as intenções do Governo de assumir o controlo de casas não ocupadas e a renovação forçada dos contratos de arrendamento são inconstitucionais.
"Estamos a assistir a um retrocesso e a situações que há mais de 40 anos que estavam abolidas", criticou o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários.
Romão Lavadinho, presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL), discordou, no Fórum TSF, da posição dos proprietários.
Aos olhos dos inquilinos, as novas medidas propostas pelo Governo não colocam em risco o mercado de arrendamento. "Quando os proprietários dizem isso, é porque eles não querem resolver nenhum problema, pelo contrário", respondeu Romão Lavadinho.
TSF\audio\2018\04\noticias\27\romao_lavadinho_2_proprietarios_erra
"O proprietário apenas está disponível para ter lucros exagerados, não está disponível para a função social que a habitação tem", criticou o presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses.
"A propriedade não é sacrossanta. A propriedade tem de estar ao serviço das pessoas", defendeu.
*com Manuel Acácio