
Global Imagens/Artur Machado
A empresa, no concelho de Vila Nova de Gaia, reabre oficialmente esta segunda- feira. Em 2012 tinha sido encerrada, falida e com vários milhões de dívidas acumuladas.
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Há sorrisos em todos os rostos dos que chegam, dos que cruzam o portão da enorme fábrica de cerâmica, com um tamanho equivalente a 18 campos de futebol. São operários que voltam a casa que esteve encerrada mais de dois de anos e que atirou para o desemprego 300 pessoas.
Entretanto, dois antigos colaboradores juntaram-se a outros investidores e decidiram criar uma nova empresa, a ARCH, que agora aposta em dar forma à segunda vida da cerâmica.
Hoje é um dia especial, com uma cerimónia que assinala o arranque da laboração. Foi há cerca de um mês e meio que os primeiros funcionários regressaram ao velho posto de trabalho.
António José é um deles, dos 45 que estão de volta. Tem 50 anos, trabalhou 20 na antiga cerâmica. Nos últimos dois anos, manteve a esperança de voltar. Foi um tempo de espera, e sem outra saída à vista . «Tirei dois cursos de formação profissional e era a minha vida, estar em casa e procurar alguma coisa para fazer. Mas não arranjei emprego».
Com António José vem Gabriel Pereira. Também está na casa dos 50, tem 22 de trabalho na fábrica. Ele diz que voltar lhe deu anos de vida, depois de não ter conseguido encontrar uma alternativa.
«Ninguém nos dá emprego, somos muito velhos para arranjar trabalho e muito novos para a reforma. Voltar aqui foi um alívio. Parece que se fica dez anos mais novo».
Carlos Sousa também tem mais de duas décadas de trabalho na Cerâmica Valadares. Depois do encerramento da empresa, trabalhou como motorista. Até estava ocupado, mas não hesitou em regressar e está cheio de entusiasmo: «Voltamos com a esperança disto funcionar daqui para o futuro. Estamos com muita força, com muita vontade. A empresa é muito forte, tem muita qualidade no que faz, e espero que muitos outros colegas possam regressar em breve».
Se os planos da nova administração se concretizarem, em novembro estarão empregadas mais cem pessoas.
Nesta altura, há apenas uma unidade a funcionar a 50% da capacidade, mas outra irá começar a laborar no verão. Se a vontade dos que já voltaram contar para a equação, o plano será cumprido.