Adesão à greve da higiene urbana apresentada por Moedas "não bate certo". Sindicato rejeita "entrar em guerra de números"
O sindicalista Nuno Almeida afirma que a adesão "foi bastante significativa" e que os trabalhadores deram um "forte sinal do seu desagrado e descontentamento" perante a falta de "condições e investimento" no setor
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O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa assegura que os números sobre a adesão à greve dos trabalhadores da higiene urbana "não batem certo" com aqueles que foram avançados por Carlos Moedas. Em declarações à TSF, Nuno Almeida garante contudo que não quer entrar em "guerras de números".
Sobre a participação dos trabalhadores nesta greve, Carlos Moedas disse esta sexta-feira que, à exceção da noite de 1 para 2 de janeiro, a taxa de adesão foi “sempre inferior aos 50%”, indicando que no dia 26 de dezembro foi de 48,1%, no dia 27 foi de 44,6%, no dia 28 foi de 34,5% e no dia 29 foi de 22,8%.
Nuno Almeida destaca a diferença entre os números apontados pelo líder do executivo de Lisboa e os registados pelo sindicato. Garante que a adesão "foi bastante significativa" e que os trabalhadores deram um "forte sinal do seu desagrado e descontentamento" perante a falta de "condições e investimento" no setor.
"É claro que temos de contabilizar situações de baixas, de chefias que trabalham e que se calhar poderão estar neste número. Não queremos entrar nesta guerra dos números, queríamo-nos centrar naquilo que são as respostas aos problemas que presidiram a emissão e a decisão dos trabalhadores desta greve", argumenta.
Defende que o impacto da greve foi de tal forma sentido que "a própria cidade não conseguiu abstrair-se disso, até pelo próprio volume de resíduos que mantiveram, mantêm e vão persistir ainda mais pelo menos durante três dias".
O sindicalista lamenta as "perspetivas diferentes" apresentadas pelo executivo camarário e garante que os trabalhadores não decidiram esta greve "de ânimo leve". Após agradecer a intenção de Moedas em negociar com os sindicatos, denuncia que a câmara apenas cumpre em 50% com o acordo feito em 2023.
"Carlos Moedas entende o contrário - se calhar também o informam nesse sentido -, mas a verdade é que cerca de 50 a 60% do acordo ainda está por cumprir e é isso que vamos ter de, no futuro, com a câmara, sentarmo-nos à mesa seriamente e discutir como é que se vão responder a estes problemas", atira.
O líder lisboeta reiterou nas declarações feitas esta sexta-feira que o acordo feito em 2023 está executado em 80% e está a ser cumprido todos os dias.
O presidente da câmara voltou a defender que esta foi “uma greve injusta”, nomeadamente porque os sindicatos se recusaram a negociar.
Em causa está a greve dos trabalhadores da higiene urbana em Lisboa, entre o Natal e o Ano Novo, que foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) devido à ausência de respostas do executivo municipal aos problemas que afetam o setor, em particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.
A greve foi geral nos dias 26 e 27 de dezembro e contou com serviços mínimos entre 26 e 28 de dezembro, com a realização de 71 circuitos diários de recolha de lixo, envolvendo 167 trabalhadores.
Paralelamente, houve também greve ao trabalho extraordinário, que se iniciou em 25 dezembro e se prolongou até terça-feira (dia 31 de dezembro), e uma paralisação no dia de Ano Novo, prevista apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre as 22h00 de quarta-feira e as 06h00 de quinta-feira.
