Administração da "Transportes de Lisboa" afasta cenário de despedimentos coletivos
Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o novo presidente da empresa que junta Metro de Lisboa, Carris e Grupo Transtejo diz que as greves retiram valor à empresa. Rui Loureiro admite que a fusão vai criar excedentes de pessoal, mas, caso seja necessário reduzir postos de trabalho, vai recorrer a rescisões amigáveis.
Corpo do artigo
Rui Loureiro queixa-se de não ter recebido nenhuma reivindicação negociável por parte dos sindicatos.
O presidente "Transportes de Lisboa" é rápido a esclarecer que não vai cortar empregos a ninguém. "É uma falácia", diz. No entanto, Rui Loureiro, antigo presidente da REFER e desde o inicio do ano presidente do conselho de administração da Transportes de Lisboa, explica que o processo de fusão tem como objetivo "tentar otimizar as empresas, fundamentalmente ao nível dos serviços corporativos".
Por isso, o gestor considera que "quando se juntam três empresas que tenham, por exemplo, três serviços financeiros, sobram pessoas". Técnicos de recursos humanos, técnicos financeiros e departamento de compras são exemplos que dá das áreas onde as redundâncias podem ser mais evidentes. Essas áreas, diz, "existiam em todas as empresas e agora só vai existir numa".
Questionado sobre o método a usar para a dispensa de pessoal, Rui Loureiro esclarece que serão feitas "sempre rescisões por mútuo acordo. Não haverá, de certeza, despedimentos coletivos".
Na reta final do processo de subconcessão da Metro e da Carris, Rui Loureiro afirma que as greves retiram valor à empresa. "Se não existe estabilidade numa empresa, nenhum privado, alguém que queira gerir, se arriscará a oferecer um valor interessante pela empresa, sob pena de ter um prejuízo acrescido", diz.
No entender do presidente da Transportes de Lisboa, há um risco financeiro em causa, porque o Estado "só está interessado em entregar determinado tipo de operação se for, pelo menos, com um determinado valor, e as ofertas são feitas para quem quiser menos dinheiro para fazer a operação".
Por isso, "havendo naturalmente greves faz com que as pessoas tenham medo e que se encostem ao valor máximo que o Estado está disposto a pagar e que não lhe deem um prémio". Não coloca em risco a subconcessão mas "poderá trazer dificuldades", conclui.
O presidente da Transportes de Lisboa admite não reconhecer os argumentos que os sindicatos invocam na marcação das greves. "Eles dizem que se vai prejudicar o serviço público e não é esse o objetivo, antes pelo contrário, é melhorar o serviço público. Dizem que vai haver redução de postos de trabalho, eu devo reconhecer que a redução de postos de trabalho significaria piorar o serviço público, ou seja, retirar oferta, também não é isso que está em causa", frisa.
O gestor confessa ainda não ter recebido da parte dos sindicatos nenhuma reivindicação que seja para negociar. "Nós para estarmos dispostos a negociar temos de perceber o que é que está em cima da mesa, não se pode acusar alguém de dizer que não quer negociar mas não dizer o que é que pretende negociar", diz
Quanto aos prejuízos que cada cada dia de greve representa para a empresa, Rui Loureiro calcula que sejam pelo menos "cerca de 100 mil euros na Carris e de 125 mil euros no Metro". Estes valores contabilizam apenas os bilhetes individuais e o modelo de zapping.
Nas contas de Rui Loureiro, há outros valores não quantificados. É o caso da imagem da empresa que "é altamente prejudicada pela existência de greves, especialmente pelas greves sucessivas porque os utentes que pagaram pelo passe acabam por ter um custo adicional. Pagaram para ter um transporte público que não é executado, mas também ninguém lhes devolve o dinheiro".