Ajuda externa: PS diz que avaliações positivas significam sempre mais austeridade
O PS considerou hoje que as avaliações positivas do Governo e da 'troika' ao programa de ajustamento têm sempre como consequência mais austeridade em Portugal e acusou o executivo de ter ultrapassado os limites da «dissimulação».
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Eurico Brilhante Dias, membro do Secretariado Nacional do PS, falava após o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e a ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, terem anunciado a conclusão por Portugal da 12.ª e última avaliação da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional).
«Os portugueses sabem que nestes últimos três anos as avaliações positivas da 'troika' e do Governo têm a consequência de sempre: Mais austeridade. Haverá um aumento da taxa social única (TSU), do IVA e uma nova taxa para a indústria farmacêutica, mas o Governo tem vindo a dizer que estes aumentos de impostos não são aumentos de impostos. Há limites para a dissimulação», declarou Eurico Brilhante Dias.
Para o dirigente socialista, quando o Governo diz que está perante a última avaliação da missão externa, «vale a pena comparar os objetivos» do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) «com os resultados alcançados».
Nessa comparação, segundo o PS, há mais 300 mil desempregados do que Portugal previa no início do programa, aos quais se terá de adicionar os desencorajados e mais de 200 mil que saíram do país; a dívida atinge mais de 130 por cento; e o défice é de 5,3 por cento sem medidas de cariz extraordinário, quando o objetivo inicial era de 2,5 por cento em 2013.
«A riqueza do país decresceu dez vezes mais do que inicialmente estava previsto no memorando [assinado em maio de 2011]. Os resultados falam por si», sustentou.
Eurico Brilhante Dias acusou ainda o Governo de ter o hábito de omitir resultados nas conferências de imprensa destinadas à apresentação das avaliações da 'troika' ao PAEF.
«Da última vez, o vice-primeiro-ministro e a ministra das Finanças anunciaram o encerramento da [11.ª] avaliação, mas, mais de um mês depois, através de relatórios do FMI e da Comissão Europeia, ficou a saber-se que afinal haveria mais encerramento de serviços públicos, mais cortes nos salários e nas pensões. Desta vez, não será diferente. Depois das eleições europeias a agenda escondida será revelada, e o FMI e a Comissão Europeia irão anunciar os verdadeiros resultados desta avaliação», acrescentou o membro do Secretariado Nacional do PS.