Altice corta mil empregos em Portugal para responder à "digitalização e inteligência artificial"
"A empresa fez um pacote logo do início deste mês em que criou a possibilidade de os trabalhadores por adesão poderem vir a concluir com a empresa saídas antecipadas", diz Jorge Félix à TSF
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A Altice vai cortar cerca de mil postos de trabalho, 16% dos empregos, em Portugal para se adaptar à evolução tecnológica.
A notícia foi avançada pela Bloomberg. À TSF, Jorge Félix, presidente do sindicato dos trabalhadores da Altice, explica que 200 pessoas já tinham saído voluntariamente e outras 800 saíram no âmbito de um programa de rescisões de contrato que arrancou em julho.
"É um programa de reestruturação empresarial e, naturalmente, com a necessidade de redução de pessoas e as e os motivos essencialmente têm a ver com a evolução da própria tecnologia, da digitalização e da questão da inteligência artificial. O que vai levar lamentavelmente a uma série de cessação de postos de trabalho, como é evidente", diz o sindicalista.
O programa para saídas voluntárias já arrancou: "A empresa fez um pacote logo do início deste mês em que criou a possibilidade de os trabalhadores por adesão poderem vir a concluir com a empresa saídas antecipadas, quer aqueles que estão mais próximos da reforma, portanto, com reformas antecipadas, quer aqueles que estão até com 59 anos, no máximo, poderem ser pré-reformados, por acordos de pré-reforma, e fora desses, todos os outros que porventura tivessem disponíveis e que a empresa não contasse com eles fazerem rescisões de contrato."
Jorge Félix refere que o facto de a empresa estar à venda também interfere na decisão de abdicar dos trabalhadores.
"No nosso caso, estas situações também não podem deixar de estar ligadas à necessidade de ter uma empresa com menos despesa em termos permanentes, em termos de custos de trabalho, na medida em que é uma empresa à venda. A empresa não o disse. Nós não temos dúvidas nenhumas que essa situação serve perfeitamente a ideia de a nossa empresa lamentavelmente poder vir a ser vendida. Se essa é a vontade do senhor Patrick Drahi, que é o dono máximo do grupo Altice a nível internacional e que tem aquela dívida fortíssima de 60 mil milhões de euros e que tem os acionistas e os obrigacionistas a apertar com ele e querem naturalmente ser ressarcidos dessa dívida", considera.
Em 29 de agosto do ano passado, o administrador financeiro (CFO) do grupo Altice, Malo Corbin, afastou a venda da dona da Meo, mas admitiu que o grupo continuaria a analisar oportunidades, nomeadamente a venda de alguns ativos da Altice Portugal.
A operadora de telecomunicações tem investido em IA, num mercado que cada vez mais aposta na tecnologia e mais concorrencial com a entrada da Digi, que tem ofertas de baixo custo.
