ANAV tem urgência num novo estatuto, novo aeroporto e nova estrutura para turismo onde todos caibam
Criação de um conselho consultivo com assento de todos os players e criação do estatuto do agente de viagem são duas das dez prioridades defendidas pela Associação Nacional das Agências de Viagens na carta enviada ao novo Governo e aos grupos parlamentares. Tem no topo a urgência da concretização do novo aeroporto
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A aprovação do estatuto do agente de viagem tinha sido prometida pelo secretário de Estado Pedro Machado, há um ano, num evento em Angra do Heroísmo (Açores), mas, entretanto, o Governo caiu e a medida não foi concretizada.
Agora, a ANAV - Associação Nacional das Agências de Viagens volta a colocá-la na lista das dez prioridades que já enviou ao novo Governo e aos grupos parlamentares. Tem no topo a concretização do novo aeroporto, chamado Luís de Camões, em Alcochete.
Em entrevista à TSF, o presidente da ANAV, Miguel Quintas, fala ainda da necessidade de acelerar a recuperação da pandemia num sector que viu quase 30% das empresas em risco de falência e defende que poderia passar pela redução do IVA de caixa e diminuição das tributações autónomas, mas também pela aposta na formação, na prometida criação de estatuto profissional do agente de viagem, bem como de um conselho consultivo com representantes de todas as instituições do sector que em conjunto com Governo definam políticas públicas.
Já tinha elogiado a continuação de Pedro Machado à frente da secretaria de Estado do Turismo, mas, em tom crítico, acaba por considerar que o turismo merecia mais autonomia pelo peso que tem na economia portuguesa, entre 15 a 16% do PIB, acabando por dividir a tutela com outros sectores de atividade.
De momento, o que parece preocupar mais o presidente da ANAV é mesmo a falta de avanço do projeto do novo aeroporto e o excesso de burocracia e regulamentação que travam atividade e investimento, criticando as demoras processuais no âmbito do PRR. Mesmo assim, recorda que este é um segmento de atividade que dá emprego a mais de três mil pessoas e cresceu 15% no último trimestre, reconhecendo o contributo dado pelo negócio realizado a nível digital.
Quanto ao novo aeroporto, lembra que continua a depender de uma decisão política e, matematicamente, fala de prejuízos de 11 mil milhões e de custos na ordem dos oito mil milhões em obra, mas o projeto continua num impasse.
Miguel Quintas admite que as agências de viagens estão contempladas pelos apoios do PRR e que seria importante essa aposta, porque apenas 30% está digitalizada. Contudo, confessa que a burocracia atrasa tanto os processos de aprovação que as empresas acabam por desistir das candidaturas.
Este responsável pede ao Governo a criação do estatuto profissional do agente de viagem, que não existe em Portugal, sendo que os mais de três mil trabalhadores do sector fazem um serviço ao nível dos congéneres internacionais e a formação é fundamental para o exercício da profissão.
Considera ainda que problemas como a sazonalidade, a internacionalização, a promoção turística também são prioridades que valem a criação de um conselho consultivo, onde se sentassem todos os players do sector, desde associações sectoriais, confederações, instituições do estado e Executivo para discutir propostas, definir políticas públicas e investimentos estruturais para o país.
