
O antigo ministro acredita que Passos Coelhos e Vítor Gaspar já estão, nos bastidores, a iniciar uma renegociação. Sem ela, diz Ângelo Correia, a vida do país fica mais complicada.
Ângelo Correia acredita que o Governo já estará a renegociar alguns pontos do memorando. Em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo, o social-democrata, apoiante de Passos Coelho, diz que tem a «pressuposição» de que o executivo já está a negociar «alguns pontos fundamentais do memorando da troika. Quais? Não sei».
Sem renegociação «podemos estar a caminho da Grécia»
O «barão» do PSD, próximo do primeiro-ministro, sublinha a importância dessa renegociação: sem ela, «governo, empresas, cidadãos, empresas, famílias, país... todos perdemos com isso». O acordo, diz o antigo ministro da Administração Interna, «não nos conduz a qualquer coisa de positivo. Podemos estar a caminho da Grécia».
Margem do Governo é «limitada». FMI mais flexível que CE e BCE
Ângelo Correia considera que o memorando pode afundar o país mas sublinha que ela só pode acontecer de forma mais profunda depois das eleições legislativas na Alemanha.
O gestor da Fomentinvest, e último patrão de Passos Coelhos, salienta no entanto que essa é uma tarefa difícil: a margem do governo é limitada «face à dureza e inflexibilidade da troika». Mas não da troika por inteiro: «diria sobretudo por causa de duas entidades: a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu».
O antigo ministro da administração interna considera também que o orçamento do Estado não vai ser executado e que o Governo sabe disso. A prova é o "plano B", previsto no Orçamento do Estado, de cortar 830 milhões de euros adicionais caso a execução traga surpresas.
Perfil
Amigo de Francisco Sá Caneiro, envolve-se diretamente na fundação do PPD em 1974.
Logo na Constituinte chega a deputado, cargo que ocupa ao longo de vários anos, e depois, em 1981, a Ministro da Administração Interna do Governo de Francisco Pinto Balsemão numa época de forte contestação social que antecede a chegada ao país do FMI.
Este engenheiro químico, que passou por Timor-Leste no serviço militar, acaba por deixar a política para se dedicar à gestão. Mas mesmo nas empresas sempre manteve e auréola de poder. Amigo de Pedro Passos Coelho contrata-o em 2004, para o grupo que lidera, a Fomentinvest. O último patrão do Primeiro Ministro nasceu em Almada há 67 anos, é casado, tem 2 filhos e 4 netos.