Antigos funcionários do Diário Económico não esperam receber dinheiro em dívida
Dinis Machado, advogado dos 18 antigos trabalhadores do antigo jornal, no processo que envolve a Ongoing, diz à TSF que a única esperança é o dinheiro ser pago por via do Fundo de Garantia Salarial.
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Os 18 antigos funcionários da empresa ST&SF, uma das subsidiárias da Ongoing e detentora do Diário Económico, que se apresentam como credores no processo de insolvência da empresa liderada por Nuno Vasconcellos, têm a receber cerca de 9 mil euros cada. Para esta quinta-feira está marcada uma assembleia de credores. Mais de 60 entidades apresentam-se para reclamar mais de 1200 milhões de euros em dívida. Apesar de no processo serem considerados prioritários, o advogado dos antigos trabalhadores que se apresentam neste processo esclarece que "essa prioridade é relativa uma vez que pode haver credores com privilégios mais fortes".
Com ou sem prioridade, o advogado explica que os antigos funcionários têm poucas esperanças em receber o dinheiro. "Já verificámos que a empresa tem um passivo enorme e que não terá património suficiente para salvaguardar tudo. A única salvaguarda é o Fundo de Garantia Salarial da Segurança Social", explica o advogado dos 18 trabalhadores, Dinis Machado.
História da Ongoing
Chegou a ter 10% da Portugal Telecom, uma posição importante na Impresa, dona da SIC e do Expresso e era a proprietária do extinto Diário Económico.
A Ongoing surge em 2004 para agregar os ativos da família Rocha dos Santos e ganha relevância na sequência da OPA falhada da Sonae sobre a PT, onde ficou ao lado dos acionistas que estavam contra a operação lançada por Belmiro de Azevedo. Discutiu com Francisco Pinto Balsemão o controlo da Impresa e tentou adquirir quase um terço da Media Capital, dona da TVI.
Foi ainda responsável por contratações sonantes. José Eduardo Moniz, o antigo espião Jorge Silva Carvalho, o antigo secretário de Estado Carlos Costa Pina ou o social-democrata Agostinho Branquinho, que meses antes de ser contratado para um lugar de topo disse que não sabia o que era a Ongoing, são exemplo disso.
A empresa liderada por Nuno Vasconcellos deteve ainda investimentos no Brasil, em áreas como os media ou as tecnologias de informação.
O ponto de viragem surge no verão de 2015. Sem dividendos da Portugal Telecom e com uma dívida gigantesca à banca, a Ongoing avança com um processo de revitalização que foi chumbado por quase todos os credores. A insolvência foi decretada em agosto do ano passado.
O BCP e o Novo Banco são os maiores credores. Dos 1200 milhões de euros em dívida, os dois bancos detêm a maior fatia, cerca de 800 milhões. Na lista publicada no portal Citius, com data de março de 2016, são identificadas 62 entidades com dinheiro a receber.
Fisco, Segurança Social, subsidiárias da Ongoing e antigos trabalhadores estão entre o elenco que conta ainda com imobiliárias, sociedades de advogados, uma papelaria e uma florista.
(Noticia corrigida às 15h18 com a indicação de que os antigos funcionários referidos na peça são apenas os que se apresentam como credores no processo de insolvência da Ongoing e não nos restantes processos que possam envolver as subsidiárias)