O antigo coordenador da comissão de trabalhadores da Autoeuropa defende que em Portugal há pouca noção dos direitos dos trabalhadores e o sindicalismo ainda é mal visto.
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Ensinar aos trabalhadores os direitos e os deveres que têm, mas também aos gestores. António Chora teve a ideia destas "aulas de sindicalismo" há alguns anos, quando começou a ver chegar à Autoeuropa trabalhadores vindos diretamente da escola, sem qualquer noção de legislação laboral ou de sindicalismo.
Uma ideia que foi consolidando com a experiência de 25 anos na Autoeuropa, comparados com os 16 quer tinha passado antes na Siderurgia Nacional. "Há uma diferença dos gestores de topo, principalmente os alemães, que têm uma grande cultura sindical e na gestão portuguesa nota-se que há um défice", conta. Diferenças que se notam a todos os níveis. "Os dirigentes máximos do grupo Volkswagen são todos eles sindicalizados".
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António Chora considera que é necessário ensinar a importância do sindicalismo, tanto nas escolas técnico-profissionais como nos cursos de gestão. É preciso sensibilizar os futuros gestores sobre "o respeito pelo sindicalismo, o interesse em ter pessoas sindicalizadas, conhecer os direitos dos trabalhadores, motivá-los, envolvê-los nas decisões que a empresa precisa".
O antigo coordenador da comissão de trabalhadores da Autoeuropa ainda não pensou num plano curricular, mas garante que há sindicalistas com muita experiência e sociólogos na área do trabalho capazes de desenvolver este projeto.
Sobre a disponibilidade dos patrões portugueses para estas aulas de sindicalismo, António Chora tem dúvidas. "Cresceram e foram formados até agora nesta versão de que ter contratação coletiva é mau, de que ser sindicalizado é mau", explica, "e isto é um erro muito grande que mais cedo que tarde o país irá pagar".