António Pires de Lima avisa que "um líder que não se dá ao respeito não é respeitado"
O antigo ministro da Economia António Pires de Lima diz-se triste pelo país ir de novo a eleições, deixa conselhos a líderes partidários e assegura que está fora da política. Em entrevista à TSF, faz um balanço positivo do mandato de 3 anos à frente do BCSD Portugal
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António Pires de Lima diz-se triste pelo país ir de novo a eleições, deixa conselhos a líderes partidários e assegura que está fora da política e dedicado 100% à Brisa. Em entrevista à TSF, faz um balanço positivo do mandato de três anos à frente do Business Council for Sustainable Development (BCSD) Portugal, que duplicou o número de associados e o valor investido para 1,3 milhões de euros.
Do trabalho à frente do BCSD — associação sem fins lucrativos que agrega empresas que juntas representam 10% do PIB português —, fala de um balanço claramente positivo, desde o aumento do número de associados de 146 para 200 empresas, ao valor investido de 700 mil euros para 1,3 milhões em 2025, bem como 7654 formandos que representaram 741 companhias de diferentes dimensões,
Pires de Lima nota ainda as grandes a PME’s, num esforço de descarbonização e sustentabilidade que envolveu ainda 90 parceiros de uma rede internacional à qual pertencem a WBCSD, sedeada em Amsterdão e em Zurique, que trabalha com governos e agências de todo o mundo.
É um contributo para o país que integra uma Europa responsável por 6% das emissões de gazes com efeito de estuda do planeta, quando os EUA emitem o dobro e a China sozinha é responsável por 33% dessas emissões.
António Pires de Lima sublinha que a BRISA integra o BCSD e vai continuar o seu trabalho no universo desta associação, até porque investe todos os anos cerca de 70 a 80 milhões neste domínio da sustentabilidade e descarbonização da atividade. Para exemplificar, fala na abertura de uma nova zona com 20 pontos de carregamento de veículos elétricos em Oeiras a inaugurar entre maio e junho, que se juntam aos mais de 300 postos de carregamento já existentes nas estações de serviço das auto-estradas da sua concessão.
Já sobre o país, o também ex-ministro da Economia e antigo militante do CDS destaca fatores positivos e negativos.
O lado bom é que a economia portuguesa ganhou pele de crocodilo para resistir a crises politicas …mas ir de novo a eleições provoca incerteza e duvida a quem quer investir em Portugal.
Para Pires de Lima, um político nunca deixa a política em definitivo, mesmo quando se afasta, como fez no passado, da vida ativa partidária portuguesa. O antigo ministro afirma que ficou triste com a atual crise política, compreende a irritação dos portugueses, mas espera que das eleições de 18 de maio saia uma solução governativa robusta, seja à direita, ou à esquerda. Na prática, espera um Parlamento menos fragmentado.
Pires de Lima assume que lhe faz impressão o clima de hostilidade que se vive na Assembleia da República e aconselha os líderes partidários para que se respeitem, em especial aos que são candidatos a primeiro-ministro, porque: "Um líder que não se dá ao respeito não é respeitado."
Questionado se aceitaria algum convite para ocupar um cargo governativo por parte de quem sair vencedor das eleições, diz que não pensa pedir a reforma ainda, mas está fora da política e dedicado 100% à Brisa, seguindo atentamente a vida política do país.
Quando olha para o mundo, confessa "estar preocupado com o revés da agenda ambiental por parte dos EUA", dizendo que a Europa está sozinha nesta batalha e que Donald Trump não está a dar o exemplo, nem para adversários, como a China e a Índia, que apesar de grandes poluidores, estão a fazer forte aposta na área da transição elétrica.
Já sobre a possibilidade existir um travão a fundo na economia mundial que impactos terá na economia portuguesa, espera que o bom senso impere e que termine discurso agressivo sobre tarifas por parte da administração americana junto de parceiros como Europa, Canadá e México e que se evite esse cenário mais pessimista.
