António Portela: Estados europeus têm cada mais dificuldade em pagar novos medicamentos

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Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o presidente da Bial ressalva que não se deve confundir o caso da hepatite C, que envolveu uma longa negociação entre o Governo e a Gilead, com os das outras farmacêuticas.
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António Portela considera que «em toda a Europa há cada vez mais dificuldade em pagar pelos novos medicamentos» e que Portugal «é um caso mais extremo». Recorda ainda que «os estados não fazem investigação» porque «não têm dinheiro e, por outro lado, porque o risco é muito grande». O presidente da Bial refere que «em cada dez medicamentos que são lançados no mercado, só quatro é que se conseguem pagar a si próprios».
Ainda assim, o presidente da Bial diz que não se deve confundir o caso da hepatite C - em que, segundo o Governo, a Gilead tinha 5000% de lucro - com os das outras farmacêuticas: «Nós temos milhares de medicamentos no mercado e nunca tínhamos assistido a uma situação destas, acho que não se pode pegar numa exceção e dizer que todos os medicamentos são assim» porque «a maior parte dos medicamentos custa à volta de cinco euros ou menos». Ressalvando que não conhece o caso da hepatite C em detalhe, António Portela diz que tem de haver bom senso e equilíbrio, mas que «a inovação e o risco têm de ser pagos».
Em relação ao Sistema Nacional de Saúde, o presidente da farmacêutica entende é muito bom, mas reconhece que os últimos três anos fizeram perder «alguma qualidade». O presidente da Bial acredita, no entanto, que se podia ter ido mais longe, nomeadamente «nalgumas das reformas da parte hospitalar, que não foram feitas».
Apesar de não concordar com algumas medidas do Governo, nomeadamente na área do medicamento, António Portela diz compreender o ministro da Saúde, por ter assumido funções num contexto difícil: «Eu acho que, de forma muito honesta, tem procurado gerir o melhor possível a situação face às condições que encontrou».