Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o presidente da CIP receia ainda que o PS recue no IRC se vencer as Legislativas de 2015. E critica o Governo por não ter mostrado abertura a propostas da oposição durante a discussão do Orçamento de Estado.
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O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) desvaloriza o efeito do caso José Sócrates nas próximas eleições. António Saraiva espera que «o tempo, clarificando, acabe por anular efeitos» deste caso. «Não creio que este aspeto vá influenciar esta ou aquela vontade de expressão eleitoral», diz António Saraiva.
Ainda assim, reconhece que a detenção de José Sócrates «vem somar a outras surpresas desagradáveis que minam a credibilidade das instituições e a imagem já de alguma maneira degradada dos políticos», e que tem efeitos nefastos «em termos de credibilidade externa». O líder do patronato ressalva, no entanto, que «uma maçã podre não estraga o cesto».
IRC em perigo com PS
António Saraiva teme que a reforma do IRC seja abandonada se o Partido Socialista vencer as eleições do próximo ano. O empresário diz que o «amplo consenso» que a redução da taxa sobre as empresas mereceu entre PSD, CDS e PS foi positivo, por permitir «previsibilidade aos investidores», mas acredita que o posterior desentendimento entre socialistas e a maioria parlamentar nesta matéria é um mau sinal para as Legislativas.
«Lamento que essa previsibilidade seja agora posta em causa e que possamos admitir, por este rompimento, que um Governo que venha a sair das próximas eleições com maioria PS, ou com exclusiva composição PS, altere esta reforma do IRC», diz António Saraiva. «Qualquer reforma deve durar pelo menos duas legislaturas».
Governo devia ter mostrado abertura
Na entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o líder da CIP defende ainda que o Governo podia ter feito mais para envolver a oposição: «Sendo a política a arte do possível, dar sinais de algum entendimento, estabelecer diálogo, construir pontes, seria um bom sinal para um período que se avizinha difícil». Se a maioria PSD/CDS absorvesse algumas das propostas, «provavelmente teria efeitos virtuosos». No entanto, reconhece que dependeria muito do custo de cada medida.