Apesar de "não intervir", Marcelo diz que "portugueses não compreenderiam" se estivesse fora do país durante negociação do OE

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa
Urs Flueeler/AFP (arquivo)
O Presidente sublinha que os próximos dias serão "muito importantes" para o país, mas afirma que a "pressão" que exerceu "terminou no Conselho de Estado"
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta sexta-feira que os "portugueses não compreenderiam" que estivesse a "milhares de quilómetros de distância" durante as negociações para o Orçamento do Estado de 2025.
"Estou cá, estarei cá, mas não significa nada que tenha que ver com o andamento das conversas", sublinha.
Em declarações aos jornalistas, em Tomar, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que a melhor forma que tem de "servir o interesse nacional é não dizer nada" sobre as discussões para o OE. Ainda assim, entende que é benéfico acompanhar estas negociações de perto, pelo que adiou as visitas de Estado que tinha marcado para a próxima semana à Estónia e à Polónia.
"Quer a Estónia, quer a Polónia, ficam longe e acompanhar não quer dizer intervir, é acompanhar, acompanhar", esclarece.
O chefe de Estado defende que os próximos dias, até à votação do Orçamento do Estado em 10 de outubro, serão "importantes".
"A melhor maneira que eu tenho de servir o interesse de nacional neste momento é não dizer nada sobre isso, porque estamos muito perto do prazo da entrega da proposta, porque estamos num momento importante e porque é um momento em que as posições se definem, de um lado e do outro, e, portanto, tudo o que o Presidente disse-se agora funcionaria negativamente e não positivamente", atira.
Marcelo Rebelo de Sousa nota então que a "sobreposição temporal" que existia entre os seus compromissos no estrangeiro e as discussões que vão ditar o futuro do país eram incompatíveis.
"Os próximos dias são verdadeiramente importantes e o dia 10 é verdadeiramente importante. Eu tinha uma coincidência de duas visitas ao estrangeiro, à Estónia e à Polónia, há um ano marcadas, mas entendo que é mais avisado ficar cá para acompanhar de perto", insiste.
O Presidente rejeita contudo fazer comentários às propostas e contrapropostas apresentadas e nega sentir-se preocupado com o desenrolar das mesmas.
"Quer dizer que aquilo que aquilo que poderia ter chegado a uma definição mais cedo, não chegou. Quer dizer que aquilo que poderia acontecer mais tarde, também pode não chegar", sustentou, acrescentando que a "pressão" que reconheceu ter feito "parou no Conselho de Estado".
"A partir daí, quem tinha de intervir, os protagonistas, entreviram e estão a entrevir e o Presidente não deve fazer mais nada", assume.
Marcelo Rebelo de Sousa, ainda assim, reconhece ter "uma teimosia há muito tempo", pelo que, acredita "até ao último segundo" que o OE possa ser viabilizado na próxima semana.