Está aberto o caminho à Oferta Pública de aquisição lançada pelo CaixaBank. Artur Santos Silva diz que o seu"sonho" de um banco de capitais maioritariamente portugueses "há muito que não é possível".
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Os acionistas do BPI aprovaram, em assembleia - geral, a proposta de desblindagem dos estatutos do banco, pondo fim à limitação dos direitos de voto e abrindo caminho à Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo maior acionista, o CaixaBank que tinha imposto essa alteração como condição para a concretização da oferta.
Assim, se até agora o CaixaBank, apesar de controlar 45,5% do capital do BPI, apenas votava com o limite estabelecido de 20%, passa a assumir também "direitos políticos de quase 50%", como descreveu Santos Silva, estando no horizonte um reforço ainda maior da posição dos espanhóis na sequência da OPA.
O presidente do Conselho de Administração do BPI, Artur Santos Silva, afirmou que o seu "sonho" de um banco de capitais maioritariamente portugueses "há muito que não é possível" por incapacidade financeira dos investidores nacionais.
"Infelizmente os capitais portugueses hoje em dia não conseguem suportar as exigências de uma instituição bancária e, portanto, há muito tempo que esse sonho de muitos - e de mim próprio - não é possível, porque as condições de investimento estável por parte de acionistas portugueses tornaram-se praticamente impossíveis", afirmou Santos Silva em conferência de imprensa, no final da assembleia-geral de acionistas do BPI que hoje decorreu na Fundação de Serralves, no Porto.
Conforme recordou o presidente do BPI, "o conjunto dos acionistas portugueses com representação nos órgãos sociais do banco tem 6%" do capital, e o facto é que "a generalidade desses acionistas não foi ao aumento de capital que o banco teve que fazer por força da crise da dívida soberana".
"O sonho fundador teve um epílogo logo no princípio dos anos 90", afirmou mesmo o banqueiro.
Relativamente ao crescente peso do capital estrangeiro na banca portuguesa, Santos Silva considerou que, dada a falta de investidores nacionais e "da maneira como está desenhada a união bancária, vai-se assistir a um processo crescente de consolidação" e que "o que se precisa é de bancos sólidos, com uma boa cultura e com boas equipas de gestão".
"Uma instituição que atua em Portugal só pode ter sucesso se servir a economia portuguesa", sustentou, convicto de que, mesmo sob controlo espanhol, o BPI manterá "o rigor e a excelência de gestão" que considera que até agora o caracterizou.
Na mesma linha, o presidente da Comissão Executiva do BPI, Fernando Ulrich, afirmou-se "um entusiasta do projeto europeu", considerando que "o que interessa é ter bancos sólidos, bem geridos e que cumpram todas as regras", independentemente da origem do capital.
"É assim que temos que pensar e viver e, quanto a mim, muito bem", disse.
Atualmente o maior acionista do BPI é o CaixaBank, com 45,50%, e o segundo maior acionista é a Santoro, com 18,6%, os quais se relacionam com os 2,28% que o Banco BIC tem no BPI, uma vez que ambas as empresas têm Isabel dos Santos como acionista de referência.