Em entrevista à TSF e ao DN, o líder da CGTP diz que o executivo terá problemas se não ouvir os sindicatos.
Corpo do artigo
Ouça aqui a entrevista na íntegra de Arsénio Reis e Paulo Baldaia a Arménio Carlos
Os problemas dos funcionários públicos devem ficar resolvidos ainda nesta legislatura
"Houve muitas reuniões, muitas conversas, mas não houve resultados nenhuns e se, por ventura, o Governo estivesse mais sensível e mais atento às propostas e às reivindicações da CGTP algumas delas (como aquelas que agora resultaram desta greve de professores) poderiam estar resolvidas há muito tempo.
É por isso que este é um espaço oportuno para se resolver problemas.
O Governo está a meio do mandato e tem obrigação de olhar para os profissionais que estão ao seu serviço e encontrar soluções com os sindicatos e com a CGTP para corresponder a um conjunto de propostas e reivindicações. É durante este mandato e nesta legislatura que os problemas têm de ser resolvidos".
O secretário-geral da CGTP explica o aumento da contestação e das greves
"Há uma estagnação de um processo que ficou longe de corresponder às expectativas dos trabalhadores e das populações e que originou algumas frustrações como tiveram oportunidade de verificar ao longo dos últimos meses. Isto tem gerado um conjunto de lutas nos sectores público e privado. As greves estão a aumentar em Portugal."
Se o Governo não ouvir trabalhadores e sindicatos terá mais problemas no futuro
"Se por ventura o poder político não ouvir os sindicatos e a CGTP, serão os trabalhadores e o povo a fazer-se ouvir, Portanto isto é a resposta. Ou o Governo percebe que tem de negociar para encontrar soluções connosco ou não faz isso e, naturalmente, amanhã será confrontado com problemas.
Há uma coisa da qual não abdicamos que é a de sermos coerentes com aqueles que representamos independentemente de quem está no governo ou de quem tem maioria na Assembleia da República. Em primeiro lugar estão os trabalhadores e as suas famílias".
O bom momento do Governo provocou estagnação nas negociações laborais
"O que se verificou nos últimos tempos, porque tudo estava a correr bem ao Governo - a situação económica, o desemprego em baixa, as sondagens não estavam más - é que houve um certo endeusamento e começaram a instalar-se algumas rotinas que vinham do passado. Rotinas administrativa e burocráticas, mas continuou tudo na mesma. Para nós isto não pode ser assim".
Salário Mínimo Nacional: CGTP admite voltar a ficar fora do acordo de concertação
"Para nós a questão dos 600 euros é uma questão de fundo.
Já dissemos ao Governo que é possível concretizar os 600 euros porque mesmo para os profetas da desgraça, que andaram a vender a ideia de que aumentar salário, nomeadamente o salário mínimo nacional, era o mesmo que promover o encerramento de empresas e despedimentos em massa, o que a vida demonstrou é que nada disso aconteceu. Até há criação de emprego e redução do desemprego.
É uma questão que está nas mãos do Governo. Tem de decidir se quer continuar a assinar acordos com os outros ou se quer fazer um esforço para assinar um acordo com a CGTP".
Pede a intervenção pessoal do Primeiro-ministro nas negociações laborais
" Está a chegar o momento do primeiro - ministro ter um outro tipo de olhar para a área laboral porque pode ajudar a resolver problemas, a desbloquear.
Houve um momento em que esteve mais perto e as coisas evoluíram. Depois, quando tudo estava a correr bem, subiu para outro patamar e descentralizou e isso é importante, mas não resultou.
Há áreas em que o primeiro - ministro tem de se empenhar pessoalmente nomeadamente contratação coletiva e precariedade".