Secretário-geral da CGTP garante que, caso o Governo não dê resposta às reivindicações dos trabalhadores, "outras lutas se seguirão até que os problemas sejam resolvidos."
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A greve geral da Função Pública, que tem início esta sexta-feira, deverá ter uma adesão elevada. O prognóstico é do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que está no piquete de greve nas oficinas do Juncal dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas (SIMAR) e que adianta que a adesão nos serviços de recolha de lixo e nos hospitais já é elevada.
"Em relação aos resíduos sólidos e também aos hospitais, as adesões rondam entre os 90 e os 100%. Isto reflete, por um lado, o grande descontentamento dos trabalhadores face à falta de resposta do Governo em relação às suas reivindicações, mas confirma também que esta greve só se está a realizar por responsabilidade do Governo. Tivesse o Governo respondido e estado com outra abertura para discutir os problemas e resolvê-los em tempo oportuno e nada disto aconteceria", lembra o líder da CGTP.
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Os trabalhadores queixam-se da ausência de atualização dos salários de 600 mil trabalhadores pelo décimo ano consecutivo, a maior parte deles com carreiras bloqueadas, estão insatisfeitos com as progressões e a falta de meios para que mais trabalhadores sejam contratados.
"O Governo tem obrigação de ouvir o sentimento dos trabalhadores e, simultaneamente, das populações. Portanto, se por ventura persistir em continuar obcecado pela redução do défice zero e virando as costas às pessoas, a resposta só pode ser uma: é que depois do dia 15, outras lutas se seguirão até que os problemas sejam resolvidos", garantiu.
A greve dos funcionários públicos deverá ter uma elevada adesão, com um impacto mais visível nos setores da saúde, educação, finanças e autarquias, podendo levar ao encerramento de escolas e deixar lixo por recolher, segundo as estruturas sindicais que convocaram esta paralisação nacional.
Na base do protesto, que envolve sindicatos da CGTP e da UGT, está o facto de o Governo prolongar o congelamento salarial por mais um ano, limitando-se a aumentar o nível remuneratório mais baixo da administração pública, de 580 para 635,07 euros, na sequência do aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros.
A paralisação começou por ser marcada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP), há cerca de um mês, na expectativa de que o Governo ainda apresentasse uma proposta de aumentos generalizados para a função pública, o que não veio a concretizar-se.
A Federação Sindical da Administração Pública (FESAP) e a Federação Nacional da Educação (FNE), filiadas na UGT, marcaram dias depois greve para a mesma data, pelos mesmos motivos.