"Arrogância de Bruxelas dá azo ao crescimento de populismos e extrema-direita"
No espaço da TSF "A Opinião", Carlos Carvalhas analisou a formação do novo governo italiano de extrema-direita e o papel desempenhado pelas instâncias europeias.
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Carlos Carvalhas considera que a Europa tem desprezado as regras democráticas e desrespeitado a vontade do povo expressa no voto. Mo espaço de comentário que ocupa semanalmente na TSF, "A Opinião", o antigo secretário-geral comunista condenou as reações das instâncias europeias à formação do novo governo italiano.
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O economista criticou a posição do presidente francês, Emmanuel Macron, que diz ter-se "regozijado" quando o presidente italiano, Sergio Mattarella, inicialmente vetou a formação do governo, por esta incluir um ministro que é eurocético.
Carvalhas atacou também a posição assumida pelo português Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu, que, "com arrogância, aconselhou os italianos a lembrarem-se das regras" para o financiamento do país.
Por fim, foram as palavras do comissário europeu Günther Oettinger - que afirmou que os mercados financeiros "iam ensinar aos italianos em quem votar" - a merecer a condenação de Carlos Carvalhas.
Mas o "tiro" da Europa saiu-lhe pela culatra, quando os mercados começaram a cair a pique e as sondagens voltaram a reforçar a votação na coligação italiana de extrema-direita (que une os partidos 5 Estrelas e Liga).
Deu-se uma reviravolta e o presidente Mattarella "foi obrigado a aceitar a formação do governo, com o mesmo ministro eurocético - que, ainda por cima, ficou com a pasta dos Assuntos Europeus".
Para Carlos Carvalhas, a posição europeia só tem facilitado a "abertura de fraturas" e o "descontentamento da população", que "dão azo ao aumento dos populismos e a estes governos [de extrema-direita]". O economista acredita que a Europa e o euro vão continuar a "agudizar as contradições" e deixar os europeus sob uma "grande incerteza".