O Arsenal do Alfeite, uma das empresas públicas do setor naval, registou no ano passado prejuízos superiores a 5,4 milhões de euros, indica o relatório de contas.
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Em termos operacionais, a empresa pública que assegura a reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa registou em 2012 gastos de 19,3 milhões de euros, para proveitos que rondaram os 13,5 milhões.
No relatório a que a Lusa teve acesso, a administração admite ter-se tratado de um ano «particularmente penoso» em termos de volume de encomendas realizadas.
O resultado líquido do exercício foi negativo em mais de 5,4 milhões de euros e compara com os prejuízos de 2,2 milhões de euros já registados no ano de 2011. A empresa terminou 2012 com 597 trabalhadores e os custos com pessoal ascenderam a 12,3 milhões de euros.
O Arsenal do Alfeite contabilizou neste período cerca de 10,2 milhões de euros em serviços prestados, uma redução de 3,5 milhões de euros num ano. Este decréscimo é justificado no documento com «a diminuição» da reparação naval para a Marinha portuguesa, que representa 90% da atividade da empresa.
Em 2010, a Marinha garantiu 26,1 milhões de euros em serviços prestados pelo AA, mas essas encomendas caíram em 2011 para 12,5 milhões de euros e em 2012 para cerca de 9,4 milhões de euros.
No relatório de contas, a administração admite as dificuldades sentidas no último ano, mas perspetiva «uma melhoria» para 2013, com o reforço do trabalho para a Marinha. Ainda assim, este reforço é insuficiente «para assegurar por si só a sustentação do estaleiro», pelo que «será necessário encontrar outras soluções e outros mercados», acrescenta a empresa, no documento.
Perspetivando «momentos difíceis» para 2013, a administração assume a procura por «outros clientes», através de «produtos que não a reparação naval», nomeadamente a construção de lanchas pequenas e médias.
No documento que reflete as contas de 2012, entretanto aprovado, admite-se que o último ano foi «particularmente penoso» do ponto de vista financeiro, com a capacidade instalada daqueles estaleiros navais «claramente sobredimensionada para os constrangimentos financeiros a que a Marinha está sujeita».
A «dependência do Orçamento do Estado» e o estatuto de Entidade Pública Reclassificada são fatores que dificultaram a «afirmação da empresa em mercados competitivos», escreve a administração.
A construção de "lanchas complexas", até 50 metros de comprimento, para o exercício da autoridade marítima, é um «novo mercado» que está a ser explorado pelo AA, no âmbito da «redefinição estratégica» da empresa, bem como a aposta "em internacionalizar" aqueles estaleiros.
Contudo, à «particular apetência» de países africanos para este tipo de lanchas, escreve a administração, o atual estatuto da empresa «afigura-se como incompatível», tendo em conta a necessidade de flexibilidade negocial.