Associação Portuguesa de Bancos contraria AdC e diz que bancos vivem "em ambiente concorrencial"
Vítor Bento destaca o contributo "positivo" da banca para o desenvolvimento económico e social do país
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O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) contrariou esta terça-feira a tese defendida pela Autoridade da Concorrência (AdC) e assegurou que os bancos portugueses "vivem em ambiente concorrencial".
Durante a cerimónia dos 40 anos da APB, Vítor Bento considerou que a AdC não tem razão quando multa, com montantes avultados, os bancos por cartelização no crédito à habitação.
"Contrariamente à narrativa mitificada, a atividade bancária em Portugal desenvolve-se em ambiente concorrencial. Existem atualmente no país 62 bancos que integram um total de 142 instituições de crédito", garantiu.
Em declarações à TSF, Vítor Bento assinalou ainda que a banca tem atualmente "uma composição muito diversa" e que o balanço geral destas três décadas é "positivo".
"Ao longo destes 40 anos, passaram-se muitas coisas, umas melhores, outras menos boas. Nós viemos de um período onde praticamente toda a banca era nacionalizada quando isto foi constituído. Hoje temos uma banca com uma composição muito diversa, portanto, ao longo deste tempo houve no país e na sociedade coisas boas e menos boas, mas o resultado global, quer para a banca, quer para o país, é um resultado positivo e acho que temos de estar contentes com esse resultado e hoje estamos aqui para celebrar o que é bom", disse.
É nesta linha de raciocínio que o presidente da APB frisou acreditar que o que aconteceu no BES, há dez anos, não poderia acontecer nos dias de hoje, por considerar que existe um maior controlo das contas da banca. Para Vítor Bento, o estrago foi reparado pelo próprio setor, que pagou em parte a resolução do BES.
"Nas condições em que nós temos a banca, julgo que não acontecia hoje. Os bancos hoje têm um nível de capital, uma limpeza de balanço e uma estrutura de governance que não tem qualquer comparação com a realidade, quer da economia, quer do setor, há dez ou 12 anos", explicou.
O líder da APB destacou por isso que, após a queda do BES, os "bancos estão muito capitalizados, têm balanços limpos e um nível de resiliência muito significativo".
Sendo o setor mais escrutinado em Portugal, os presidentes dos maiores bancos em Portugal defenderam também que a banca está ao serviço das empresas e das famílias e destacaram o seu contributo para o desenvolvimento económico e social.
"A banca hoje proporciona um nível de tranquilidade muito satisfatório para a economia e a sociedade, que deve estar orgulhosa dos bancos que tem e satisfeita com o apoio que a banca tem dado ao desenvolvimento económico-social", atirou.
Vítor Bento apontou por isso que "sem as pessoas, não há banca" e argumenta que é "do interesse dos bancos que os clientes estejam satisfeitos".
"Por vezes, gera-se uma ideia de que poderá haver uma contradição, mas não. É do interesse dos bancos ter pessoas satisfeitas e, portanto, os bancos trabalham para as pessoas. Sem pessoas, não há bancos", insistiu.