Em declarações à TSF, o presidente da Apren explica que não existe excesso de energia e que é possível desligar o sistema a qualquer momento
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O presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (Apren), Pedro Amaral Jorge, descarta qualquer responsabilidade das energias renováveis no apagão da passada segunda-feira.
Em Espanha, o El País revela que a Red Elétrica, o gestor do sistema elétrico espanhol, já teria alertado para o perigo de falhas energéticas, devido à elevada entrada de fontes renováveis, isto apesar de Beatriz Corredor, presidente daquele organismo, já ter descartado essa situação.
Em declarações à TSF, Pedro Amaral Jorge, presidente da Apren, considera que as razões apontadas para atribuir [o apagão] às renováveis em geral — neste caso eólica e fotovoltaica — por falta de inércia no sistema "parece absolutamente absurdo". E justifica esta crença com o facto de, "grande parte da potência elétrica de fonte fotovoltaica, ou solar voltaica" estar ligada à rede transporte.
"O operador da rede tem capacidade de pedir para desligar, ou ele próprio desligar essa potência. O sistema elétrico tem de estar sempre em equilíbrio. Aquilo que às vezes ouvimos dizer que há mais produção do que consumo é impossível. A produção e o consumo, a cada milissegundo, têm de ser absolutamente iguais", sublinha.
O líder da Apren revela que a questão das interligações energéticas, e a eventual independência energética, derivam das diretrizes europeias, e isso garante energia mais barata aos consumidores. "Aumentar a nossa independência energética é uma coisa que sai caríssimo para os consumidores de eletricidade, especialmente se essa independência energética for feita com sistemas de backup a carvão aumentar, ou a gás natural, não faz sentido. (...) Agora, a desculpa fácil de que isto é um problema de intermitência das renováveis é absolutamente falsa. Nós já tivemos dias em Portugal em que funcionámos com muito mais incorporação renovável do que aquela que tínhamos no dia do incidente e durante muito mais horas. Essa argumentação não faz qualquer sentido", afirma Pedro Amaral Jorge.
E sobre a qualidade do serviço em Portugal, o presidente da Apren garante que o mesmo "é resiliente".
"Um evento em 25 anos para os níveis de qualidade de serviço que nós temos em Portugal, e nomeadamente na Europa, é muito bom. E se nós compararmos, por exemplo, esse nível de qualidade de serviço com muitos estados nos Estados Unidos, eles têm muito mais apagões por ano do que a Europa tem para o mesmo fornecimento de eletricidade. Portanto, isto é um tema que, obviamente, afetou a vida das pessoas. Não é algo que nós queiramos repetir e temos de pôr um plano de implementação das medidas para aumentar as redundâncias e aumentar o armazenamento e as capacidades de regulação, de frequência e de tensão", nota.
