Augusto Mateus: "Eu não mexia na TSU"

Augusto Mateus defende que o futuro Governo não deve alterar a taxa que os trabalhadores e as empresas pagam para a Segurança Social. "Eu não mexia na TSU, ou seja, eu concentrava-me - prioridade das prioridades - em criar riqueza", afirma o economista.

No caso da redução para os trabalhadores, Augusto Mateus até compreende a intenção do PS, que avançou com a diminuição em 4 pontos percentuais para aliviar os atuais problemas financeiros das famílias, em troca de cortes futuros nas pensões. No entanto, o consultor acredita que o nível de redução proposto "não é muito significativo para isto".

O economista propõe também um sistema misto na Segurança Social, em que parte dos descontos são canalizados para seguros privados. "Podemos ter alguma ousadia, podemos ter um regime de capitalização parcial na Segurança Social", afirma Augusto Mateus, propondo que o futuro Governo só avance com este tipo de "experiências" a meio da legislatura. Antes, sublinha, é necessário dar "prioridade absoluta à sustentabilidade das contas públicas, do sistema de saúde e do sistema de segurança social".

Augusto Mateus entende ainda que as propostas do PS e do Governo apresentadas no último mês "têm aspetos financeiros a mais e aspetos económicos a menos".

Menos escalões no IRS

Na entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, Augusto Mateus propõe uma redução ainda maior dos escalões do IRS: "Nós temos um sistema de tributação dos trabalhadores por conta de outrem muito progressivo no contexto europeu, isto é, os trabalhadores com menos salários pagam bastante menos impostos do que os trabalhadores com salários mais elevados".

Essa diferença é maior em Portugal do que em muitos dos países da UE, ressalva Augusto Mateus, que sugere "com calma, fazer alguma correção". O antigo ministro entende que é uma medida necessária para manter ou atrair novos trabalhadores qualificados para o país.