Aumento dos custos de produção e do salário mínimo: preço do pão deverá subir pelo menos 5% em 2025
A Associação do Comércio e da Indústria de Panificação defende, ainda assim, que Portugal é um dos países com o preço por quilograma de pão mais baixo da União Europeia e com a melhor relação qualidade/preço
Corpo do artigo
O preço do pão deverá voltar a subir no próximo ano impulsionado pelo aumento dos custos de produção e do salário mínimo nacional, adiantou a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação (ACIP). Estima-se que este aumento seja de, pelo menos, 5%.
O vice-presidente da ACIP, Rui Tarelho, explica, em declarações à TSF, que este agravamento dos preços se deve à subida dos custos das matérias-primas, assim como o aumento do salário mínimo para 870 euros.
"As matérias-primas estão constantemente a aumentar desde que se iniciou esta espiral que nunca mais tem fim, principalmente desde a Covid-19, e piorou com a guerra na Ucrânia, mas a grande fatia deve-se à carga humana. A dependência de mão de obra para produção do pão, de bolos e salgados ainda é muito grande e, quanto mais pequeno for o negócio, mais dependente é ainda dessa mão de obra, que cada vez é mais cara e exigente. O aumento dos ordenados que vai acontecer em janeiro vai ter uma parte nestes aumentos", esclarece.
Rui Tarelho admitiu ainda que é provável haver uma redução das vendas no setor da panificação.
"O que nos diz a experiência é que as vendas não aumentam. Há é uma redução de vendas. A faturação pode-se manter igual, mas uma faturação igual a um preço superior do produto significa que houve menos unidades vendidas", apontou.
A isto somam-se os custos da energia e de transporte, com um impacto direto nos preços finais dos produtos.
Contudo, a ACIP defendeu que Portugal é um dos países com o preço por quilograma (kg) de pão mais baixo da União Europeia e com a melhor relação qualidade/preço.
Este ano, as vendas da panificação e pastelaria registaram um ligeiro crescimento, mas em termos de quantidade houve uma redução.
A liderar as vendas continuam “os clássicos”, como o pão tradicional e os pastéis de nata, mas também se verifica uma procura crescente por produtos classificados como inovadores e saudáveis, nomeadamente pães integrais e pastelaria à base de plantas.
Deborah Barbosa, presidente da direção da ACIP, referiu à Lusa que os portugueses têm vindo a ajustar as suas compras, optando por quantidades menores e produtos mais baratos devido à perda de poder de compra.
“No entanto, a qualidade continua a ser um fator importante”, com muitos consumidores a preferirem os produtos artesanais, destacou.
Para este Natal, a ACIP espera que as vendas mantenham o mesmo nível de 2023 ou que aumentem ligeiramente.
