As medidas de austeridade anunciadas para este ano, cerca de 3,6% do PIB, valem cinco vezes mais a redução do défice. O Governo propõe reduzir o défice estrutural em 0,7 pontos.
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As contas são feitas pelo Jornal de Negócios na edição desta sexta-feira. Para explicar esta discrepância, os especialistas consultados pelo jornal só avançam duas explicações possíveis.
A primeira passa por um eventual erro de calculo do Governo que terá conduzido a uma sobreavaliação do valor das medidas de austeridade. A segunda explicação está relacionada com um eventual agravamento da despesa ainda não divulgado.
Em março, o Ministério das Finanças anunciou que o pacote de austeridade este ano passaria a valer 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em vez de 3,2% e justificou o reforço dos cortes com o agravamento das condições económicas.
O Jornal de Negócios pega em contas do Governo e em estimativas da Comissão Europeia para concluir que não era preciso tanto.
Segundo o Executivo, sem medidas extraorduinárias o défice passaria dos 5,8% no ano passado para 5,6% este ano, mas é preciso compensar o efeito negativo do ciclo económico.
Esse efeito, segundo Bruxelas, representa 0,4% do PIB. Sendo assim, para cumprir o objetivo, a austeridade necessária rondaria uma verba equivalente a 0,7% do PIB. Mas este valor é cinco vezes inferior ao que já foi anunciado.
Relatórios recentes da Unidade Técnica de Apoio Orçamental e do Conselho das Finanças Públicas já sublinhavam esta diferença e também a falta de explicações.
O Jornal de Negócios pediu esclarecimentos ao Ministério das Finanças mas não obteve resposta.