
Projetos que podem ir dos 5 aos 400 milhões. Depois de garantir o financiamento inicial para a 1ª fase do TGV, o Banco Português de Fomento tem sob análise cerca de meia centena de projetos e avança com 15 dos 455 milhões para construir o novo Hospital Oriental de Lisboa e outros 25 milhões para o DataCenter de Carnaxide.
Estes são apenas parte dos cerca de 40 a 50 projetos em análise, incluindo futuras fábricas de veículos elétricos, exploração e refinação de minerais, bem como, construção de unidades produtivas de baterias e armazenamento energético que estão a captar interesse de investidores estrangeiros, incluindo fundos soberanos de outros países, desde a Ásia, à Europa e América do Norte.
Luis Guimarães diretor comercial do Banco de Fomento explica a importância de intervenção com ajuda do Banco Europeu de Investimento na economia, afirma que "tentamos sempre intervir onde houver uma falha de mercado, isto é, onde o projeto, pela sua dimensão ou pela sua longevidade, possa precisar de uma intervenção do Banco Português de Fomento e depois, entramos em condições equivalentes com a banca comercial, a par e passo."
Com programas de garantias ao financiamento a PMES, grandes empresas publicas e privadas, pretende apoiar projetos, através de dívida direta ou "project finance" e estas duas operações enquadram-se nesse âmbito, depois de identificar 10 sectores estratégicos que considera prioritários para o país, desde a economia verde, à economia azul, à descarbonização, infra-estrutura, mobilidade, tecnologia e saude.
A operação de financiamento do projeto do Hospital Oriental de Lisboa foi realizada com um sindicato de vários bancos e de vários players privados e é justificada pelo gestor, como "um projeto que há muito tempo esperava investimento adicional na componente antissísmica e que finalmente foi aprovado."
Mas este valor é apenas parte de um orçamento global superior a 450 milhões de euros, para concluir a modernização da infraestrutura hospitalar na capital portuguesa.
"De certa forma, os seis hospitais existentes na capital portuguesa, mas já antigos, vão ser substituídos por este novo hospital moderno e com todas as condições, para servir os lisboetas, por isso, colocámos os 15 milhões, sendo um marco para o banco por se tratar do primeiro hospital que apoia e a sua segunda operação em geral", acrescenta Luis Guimarães.
No caso do Datacenter de Carnaxide, trata-se de um projeto privado, que o BPF considerou ser de interesse para o país, por criar emprego, fomentar as exportações e dar contributo relativamente grande no PIB. Representa um investimento global na ordem dos 500 milhões de euros, feito pelo grupo britânico, Atlas Edge em Portugal, do qual, o contributo agora concedido ronda os 20 milhões de euros para ancorar esse tipo de hub na região metropolitana de Lisboa.
Outros projetos na área da tecnologia estão sob análise do Banco Português de Fomento, incluindo uma IA Gigafactory, para tornar Portugal na plataforma europeia de fábricas de inteligência artificial.
Luis Guimarães explica que "uma AI Gigafactory, simplificando, é um data center ainda maior e nós estamos a liderar o consórcio a nível europeu, com concurso ainda em aberto, mas com esperança e convicção de que estamos bem posicionados para ser escolhidos, embora sem garantias, apesar de liderarmos essa candidatura."
O gestor assegura ainda que, além desse projeto e de um sem número de data centers a serem estabelecidos em Portugal, neste momento, existem alguns projetos privados, sem dinheiro europeu ou público, com interesse em estabelecer-se em Portugal.
Entre as 10 áreas identificadas como prioritárias para o BPF, está a mobilidade elétrica, com projetos em análise desde a produção de veículos elétricos a fabricas da cadeia de valor das baterias, segundo o plano do governo definido para o país, no domínio das autoestradas e outras infraestruturas, desde a ferrovia ao transporte marítimo. Também incluindo a modernização, não só do comboio tradicional, mas ainda os investimentos no TGV, projetos de minas, refinação e desenvolvimento de vários minérios, como o lítio e manufatura de baterias de lítio.
Dá ainda a garantia do interesse de investidores estrangeiros, desde a Europa à Ásia. "Quando são investimentos às vezes de centenas de milhões de dólares ou de euros, com um horizonte de 7 a 15 anos, às vezes é difícil conseguir um financiamento imediato no mercado e é aí que a atuação do banco pode ser útil se não existir financiamento completo, ou apetite completo, para o financiamento da banca comercial, mas ainda assim se trata de projetos importantes para o país. "
Mesmo assim, gestor garante que o pipeline e a ambição de investimento em Portugal é grande porque o país tem necessidade de investimento. "Se quisermos chegar às médias de competitividade europeias e se olharmos, por exemplo, para o Draghi Report e tentarmos entender qual o volume de investimento necessário, percebemos que esse volume é muito elevado e vai precisar de todos os esforços financeiros, não só do Estado, como dos players privados, incluindo banca. Esse também é o nosso papel. Não ser só parceiro da banca, nem de promotores, mas também ser um veículo de atração de investimento para o país e nesse sentido, estamos a ter conversas muito sérias com fundos soberanos de outros países, bem como, com outros bancos multilaterais, como o Banco Europeu de Investimento, entre outros."
À boleia da AICEP, enquanto seu accionista, o BPF, tem vindo a participar em missões empresarias em destinos como Arábia Saudita e Brasil, tendo definido o que chama de red list de destinos com os quais Portugal tem relações diplomáticas e lhe interessa falar de investimento, como o Medio Oriente, Ásia, Europa e América do Norte.
Um análise estão projetos com uma amplitude de valor que vai dos 5 aos 400 milhões e numa grande diversidade geográfica, estando a olhar para todo o país, desde Paredes, à Figueira da Foz, Fundão, ou Algarve.
Quanto ao projeto do TGV, o Banco Português de Fomento pode vir a contribuir para futuras fases, depois de ter dado uma garantia de 110 milhões, para viabilizar o Comboio de Alta Velocidade, para o qual também contribuíram bancos privados e um investimento adicional do Banco Europeu de Investimento. "Essa foi, aliás, a primeira grande operação que nós fizemos", adianta ainda Luis Rodrigues.
Em junho do ano passado, a Comissão Europeia e o Banco Português de Fomento (BPF) assinaram um acordo de garantia InvestEU no valor de até 210 milhões de euros, que pode mobilizar mais de 3,6 mil milhões de euros em financiamento à economia portuguesa.