Riscos externos arrefecem expectativas. Supervisor do sistema financeiro acredita que desemprego vai cair de forma moderada nos próximos quatro anos.
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Já quase só faltava o Banco de Portugal (BdP). Depois de Comissão Europeia, FMI e OCDE, agora é a instituição liderada por Carlos Costa que revê em baixa as perspetivas de crescimento do país.
O BdP espera que a riqueza produzida suba 2,1% em 2018, menos duas décimas face à meta do Governo e à anterior previsão do supervisor (de outubro). Para o próximo ano, acredita agora num crescimento de 1,8% (quando em junho, na última previsão para 2019, apontava mais uma décima).
Os números constam do Boletim Económico de dezembro, publicado esta terça-feira, que ainda não tem em conta o efeito da greve do Porto de Setúbal nem da paragem da Autoeuropa.
Há ainda no relatório previsões pouco promissoras para os dois anos seguintes, com perspetivas de constante arrefecimento: +1,7% em 2020 e +1,6% em 2021. Ainda assim, o Banco de Portugal ressalva que o crescimento deverá "manter os traços de maior sustentabilidade observados nesta recuperação", com aumento do peso das exportações e do investimento empresarial no Produto Interno Bruto (PIB).
Redução "moderada" do desemprego
O Banco de Portugal espera para os próximos quatro anos uma "continuação da redução da taxa de desemprego, embora a um ritmo mais moderado". Este ano, a previsão é de 7% (face aos 6,9% do Governo), devendo descer para 6,2% em 2019; 5,5% em 2020; e 5,3% em 2021.
Investimento com mais fôlego
O investimento deverá recuperar o fôlego no próximo ano, com um crescimento previsto de 6,6%, depois de ter abrandado o ritmo em 2018 (+3,9%, face aos +9,2% de 2017).
Exportações e consumo privado arrefecem
O supervisor é, no entanto, um pouco menos otimista nas exportações. Depois de uma forte subida no ano passado (+7,8%), o BdP espera que as vendas de empresas para o exterior melhorem 3,6% este ano (previa 5% em outubro), e tenham depois um "crescimento relativamente estável" (3,7% em 2019). Nas importações, o aumento previsto é um pouco maior (de 4,1% em 2018 para 4,7% em 2019).
No consumo privado, o BdP prevê um crescimento de 2,3% este ano (igual a 2017), sublinhando que houve uma desaceleração no segundo semestre "em linha com a evolução do rendimento disponível real". Espera ainda um abrandamento nos anos seguintes, começando com 2% em 2019. Quanto ao consumo público, deverá subir 0,7% este ano, um pouco mais do que no ano passado (0,2%).
Riscos externos ensombram Portugal e Zona Euro
O Boletim Económico sublinha que "o enquadramento externo é um importante determinante da desaceleração" do PIB, não faltando riscos a ensombrar as economias de Portugal e da União Europeia: "Política comercial e monetária dos EUA; tensões geopolíticas e incerteza a nível global; ajustamento abrupto nos mercados de dívida soberana na área do euro; impacto do Brexit".
Tanto para a Zona Euro (crescimento de 2% em 2018) como para a economia mundial (3,6%), a perspetiva é de desaceleração progressiva até 2021.