Regulador detetou irregularidades na concessão de crédito e multou Banif em 2011 e 2012. Vice-governador e responsável até 2014 pelo supervisão defende Banco de Portugal.
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"O Banco de Portugal tem a plena consciência de ter atuado, ao longo de todo o processo, de forma séria e rigorosa". Foi esta a garantia dada por Pedro Duarte Neves na reta final da intervenção que abriu a audição na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif. Uma atuação, explicou o vice-governador (que foi também responsável pela supervisão entre 2006 e 2014) feita "com base na informação disponível, com a preocupação fundamental de proteger estabilidade do sistema financeiro, a segurança dos depósitos e a preservação da confiança pública".
Duarte Neve revelou que ao longo de 2011 e 2012, o regulador detetou "situações irregulares em processos de renegociação de créditos, desconhecimento de carteiras deterioradas, e de prestação de informação falsa ou com atraso ao Banco de Portugal", que levaram à aplicação de "coimas no montante de 1,8 milhões de euros".
Duarte Neves, que em 2014 foi afastado da supervisão, cedendo o lugar a António Varela (que entretanto também saiu do Banco de Portugal em conflito com Carlos Costa), foi várias vezes confrontado com o facto de ter sido o "polícia da banca" num período que abrangeu os colapsos do BPN, do BPP, do BES e do Banif: o deputado socialista Eurico Brilhante Dias perguntou-lhe se não se sentia "o polícia que chega para registar o auto mas que não foi capaz de prevenir o crime". João Almeida iniciou a intervenção desabafando: "outra vez. Estamos pela quarta vez a discutir a queda de um banco enquanto foi responsável pela supervisão".